Prevista para terminar em 4 de novembro, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira ainda tem mais de 500 requerimentos esperando votação. A prorrogação do prazo da CPMI só deverá ser decidida a partir da próxima semana, quando ela retomará os trabalhos.

Entre os requerimentos a serem votados, estão os que pedem a convocação de suspeitos de manter relações com o suposto esquema criminoso do contraventor Carlinhos Cachoeira, como os deputados José de Filippi (PT-SP) e Valdemar Costa Neto (PR-SP).

Há também requerimentos de convite para a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e para o governador de Tocantins, José Siqueira Campos, para dar explicações sobre contratos relacionados à construtora Delta, acusada de integrar a organização.

Ainda há solicitações para colocar frente a frente o governador de Goiás, Marconi Perillo, com suspeitos de representar os interesses de Cachoeira no governo goiano.

Autor de 24 requerimentos, o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), afirma que vários assuntos precisam ser analisados pela CPMI, como as quebras dos sigilos bancário, fiscal e telefônico das empresas de Adir Assad. “São 12 empresas laranjas que receberam mais de R$ 200 milhões da Delta. Para se ter uma ideia, há transações irregulares, que o Coaf está investigando, de R$ 3 bilhões.”

O empresário Adir Assad compareceu à CPMI no último dia 28 de agosto, mas permaneceu em silêncio para não se incriminar.

Aprofundamento das investigações
Para o deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF), a aprovação de novos requerimentos poderá ajudar nas conclusões da CPMI, indo além do que já havia sido desvendado pelas Operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, que revelaram o esquema de Cachoeira.

“A CPMI tem uma missão bastante clara e grande ainda, que é buscar provas sobre as quais a Polícia Federal e o Ministério Público não se aprofundaram. O objetivo principal da investigação naquele momento era o jogo do bicho. Quando nós da CPMI nos deparamos com a influência política, com relacionamento com obras públicas, dinheiro passando por construtoras e por empresas fantasmas, encontramos uma coisa que a Polícia Federal e o Ministério Público não tinham”, disse o deputado.

Quatro em cada cinco requerimentos que aguardam votação na CPMI são de iniciativa de parlamentares de partidos de oposição, mas a maioria dos integrantes do colegiado é de partidos governistas. A CPMI ficou pouco mais de um mês suspensa por causa das eleições municipais.

Da Agência Câmara.