Um dos reforços que a bancada de oposição ao governo do estadual ganhou na Assembleia Legislativa no início deste ano, o deputado Major Araújo (PRB), afirmou, em entrevista à Rede Clube de Comunicação, nesta quinta-feira (4), que um dos principais motivos de sua saída da base governista foi a insatisfação com o partido e a falta de atenção por parte do governo. No entanto, o deputado revelou não estar satisfeito com a atuação dos oposicionistas e que é preciso elaborar um projeto para 2014. “Nós tínhamos uma proposta, conversei antes com a oposição. E na realidade aquilo que nós planejamos não aconteceu”, disse. Ele destacou também que a oposição tem dificuldade em atuar devido a traições e perseguição por parte do governador Marconi Perillo (PSDB), quem ele define como “coronel”.

Sobre o partido, o parlamentar reclamou que errou quando o escolheu para se filiar e concorrer às eleições de 2010 como deputado estadual. Ele acusa a direção do PRB de realizar manobras e trabalhar em benefício de um pequeno grupo. “O quadro de filiados do PRB sempre muda. Toda eleição muda. O PRB não consegue manter as lideranças porque há uma grande insatisfação. O PRB tem forte ligação com a Igreja Universal, então esse é o problema. O partido se confunde com a igreja, é um erro do partido. É um partido que tende a não crescer nunca”, desabafou.

Major Araújo afirmou que desde que rompeu com a base sofre represálias pela direção do partido e que não foi convidado para participar das pílulas do PRB veiculadas na TV. “Nessa pílula nós só vimos os políticos da igreja, que foram eleitos ou não. Por exemplo, o meu suplente (secretário-extraordinário para Assuntos Sociais e Religiosos do governo do Estado, pastor Jéferson) apareceu na pílula e eu não”.

Rompido com seu atual partido, Major Araújo revela que deve disputar a reeleição pela Rede Sustentabilidade, partido que está sendo criado pela ex-senadora e ex-candidata à presidência, Marina Silva. “Se for viabilizada, eu quero concorrer pela Rede com certeza,” confirma.

Assembleia
O deputado comentou a retirada de assinaturas de parlamentares oposicionistas do pedido de criação de CPIs que investigariam o governo do Estado, e a derrota da oposição por 30 votos a seis no pedido de autorização à Assembleia para que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) processasse o governador Marconi Perillo por suposto abuso de poder econômico na campanha eleitoral de 2006, quando concorreu ao Senado. De acordo com Major Araújo, na Assembleia tanto os deputados de oposição quanto os da situação negociam pessoalmente com membros do governo. “Tem deputado da situação que sobe na tribuna ataca o governo, se contrapõe a algum projeto, vai lá e negocia alguma coisa pessoalmente. A estrutura da Assembleia é usada em favor do governo. O presidente da Assembleia (Helder Valin, do PSDB) é governista, ele usa a estrutura em favor do governo pra fazer esses acordos. E aí na realidade a população fica prejudicada. Nós não temos nem situação de fato nem oposição de fato” afirmou.

O deputado denuncia que Valin não está cumprindo o regimento da Casa ao não divulgar os nomes dos deputados que retiraram as assinaturas. Major Araújo disse que fez pedido formal à Diretoria Parlamentar para que apresentasse os documentos formais das retiradas, mas não foi atendido. “Eu falo com o presidente e ele se nega, dizendo que não vai expor ninguém. Inclusive eu estou entrando na Justiça. A mesa diretora faz o que quer, não respeita nem o deputado, quanto mais a sociedade”.

Caravana da Oposição
Outro ponto abordado pelo deputado foi atuação da oposição e o projeto de andar pelo Estado para visitar lideranças e construir um projeto para ser apresentado em 2014. Segundo ele, na Caravana da Oposição, iniciada ontem por Aparecida de Goiânia, foi possível constatar obras não concluídas pelo governo do Estado, desperdício de material e abandono de prédios públicos que hoje servem como ponto de encontro para usuários de droga.

Araújo refutou declarações de que o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB) não esteja fazendo oposição. O deputado disse que é necessário que Maguito amenize as críticas dos oposicionistas ao governo de Marconi Perillo, pois ele depende da ajuda do Estado para continuar sua administração.  “O governador é um grande coronel, que persegue quem se atreve. O prefeito Maguito Vilela depende do governo. Se eu estivesse no lugar dele eu também amenizaria porque o que vai ser prejudicado é a administração dele e o povo de Aparecida”, disse.