Desde o início da temporada, divergências financeiras alteraram o status do relacionamento entre a Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão dos Campeonatos Brasileiro e Carioca com o Flamengo. O rubro-negro e emissora não chegaram a um acordo para a transmissão das partidas do clube no estadual, diferente do que aconteceu com os demais times do torneio.
O conflito ganhou forças com o retorno da competição em junho, depois que o presidente Jair Bolsonaro assinou a Medida Provisória 984 e alterou as regras do futebol, permitindo que o clube mandante negocie de forma unilateral os direitos de transmissão. Apesar de tramitar no Congresso, a MP já está em vigor e deu liberadade para que o Flamengo transmitisse seus jogos através de seu canal no Youtube.
A atitude do clube fez com que a ‘briga’ fosse parar na Justiça e a Globo optasse por não mais transmitir as partidas do Campeonato Carioca. Mas se engana quem pensa que o impacto dessa ruptura seria só no Rio de Janeiro. Clubes do Brasil inteiro passaram a repensar os modelos e as formas de negociação pelos direitos de transmissão.
Em entrevista à Sagres 730 o presidente do Goiás, Marcelo Almeida, minimizou a disputa entre o Flamengo e a emissora, mas destacou que o debate pode contribuir para o futuro do futebol brasileiro.
“Não vejo uma briga propriamente dita. A Globo tem um interesse, o Flamengo também e há uma divergência desses interesses. Desse conflito nascem novas ideias e nós temos que saber explorar isso direito para que possamos colher bons frutos disso”, disse.
O dirigente esmeraldino também analisou a MP 984 que, na visão dele, ainda passará por algumas alterações antes de ser aprovada. Segundo Marcelo, o contrato logo com a emissora dará a chance da equipe goiana se preparar para as possíveis mudanças neste formato.
“Acho que temos que amadurecer essa ideia, muita coisa tem que ser analisada e temos que ver o que vai acontecer no mercado para podermos implementar aqui. Nós temos um contrato vigente com a Globo até o final de 2021, então não poderemos fazer absolutamente nada neste período. Teremos um prazo bom para estudarmos os prós e os contras”, explicou.
Subsidiado pela nova regra, o Flamengo fez a sua primeira transmissão na FLATV na partida contra o Boavista. Mais de 2,2 milhões de pessoas acompanharam o jogo através da plataforma online, que precisou de uma boa estrutura para entregar um produto com qualidade.
“É um número bastante significativo, que se daqui a pouco foram traduzidos em números financeiros, poderá virar uma nova moeda no mercado. É muito interessante, mas o futebol tem que ser mais aprimorado. Nasceu um novo mercado, e que tem que ser muito bem estudado e dele, sem dúvida, poderemos tirar muitos bons frutos para o futebol nacional”, analisou o presidente do Goiás.
Apesar das mudanças que podem acontecer futuramente, Marcelo Almeida valorizou o vínculo que o Goiás tem há anos com a Globo. O dirigente enalteceu a ajuda financeira da emissora durante os acordos e pontuou que não será um trabalho fácil estruturar uma nova forma de transmissão.
“Lógico que sim (satisfeito com a Globo). Nós fomos sempre bons parceiros e colhemos bons frutos financeiros. Nesse mercado hoje as coisas acontecem de forma muito fácil, o dinheiro da Globo entra nos cofres do Goiás ‘sem muito trabalho’, é um dinheiro líquido e certo. Daqui a pouco, se formos atrás de uma nova modalidade, teremos que trabalhar. Não será fácil criar uma nova estrutura para ir atrás desse dinheiro. Vai dar mais dinheiro? Até acredito que sim, mas tem que ser uma coisa muito bem elaborada”, afirmou.
Ouça na íntegra o presidente Marcelo Almeida falando sobre os direitos de transmissão: