O ano de 2013 foi marcado por uma grande crise financeira no Atlético Goianiense. Com uma forte queda na arrecadação e o mantimento de grandes despesas, as dívidas foram aparecendo e se acumulando, comprometendo totalmente a saúde financeira do clube. A situação delicada acabou dificultando o pagamento dos salários dos jogadores e vários deles acionaram o Atlético na justiça trabalhista ou romperam seu contrato pela falta de pagamento. Tudo isso refletiu em campo, quase ocasionando a queda do time da Campinha para a Série C do Brasileirão.

A péssima campanha no Campeonato Brasileiro da segunda divisão alertou os dirigentes atleticanos, que aliviados com a manutenção do time na Série B, refizeram o planejamento de futebol do clube para adequá-lo à nova realidade financeira. Jogadores que recebiam altos salários deixaram o time e todas as contratações respeitaram um teto salarial imposto para enxugar a folha salarial, maior despesa do clube, e evitar novos problemas e dívidas trabalhistas. Assim, um novo Atlético Goianiense surgiu para disputar a temporada 2014.

Apesar dessa reformulação, o time ainda vive algumas dificuldades, principalmente no pagamento de salários, já que as dívidas passadas consomem boa parte das receitas do Dragão. O goleiro Márcio, capitão e comandante do elenco rubro-negro, confirma que ainda há problemas no clube, mas confia no trabalho da diretoria. “Na verdade a situação do clube ainda não é das melhores, existem algumas pendências, mas nós acreditamos profundamente na resolução desses impasses o mais rápido possível. O presidente nos deu algumas garantias e tenho certeza que as coisas vão melhorar”, revela.

Ano passado, o problema com salários foi apontado como principal motivo para péssima temporada do time. Mas, para Márcio, o fato não pode comprometer os resultados ou motivar os atletas a terem atuações ruins. “É claro que ficar sem receber preocupa todo trabalhador, todos querem receber em dia. Mas isso não pode influenciar no nosso rendimento, receber o nosso salário não está condicionado ao nosso rendimento. Nenhum contrato exige que se vença para receber o salário, no campo, ninguém lembra desse tipo de situação. Pensamos em vencer”, comenta o capitão.

Garantindo a seriedade e o foco do time, Márcio critica também a forma como são tratados os momentos de crise. “O problema é que todos falam que jogador só joga se ganhar dinheiro, se o salário estiver em dia e se o bicho for bom. Não é nada disso, somos profissionais, é uma relação normal de empregado e empregador. Dentro de campo eu penso que alguém vai chutar a bola e eu tenho que defender e com os jogadores de linha deve ser assim também. Não temos que nos preocupar com isso no momento do jogo, até porque já temos garantias apresentadas. A preparação pode não ser a ideal, porque as vezes você chega com problemas e não consegue focar totalmente no treino, mas no jogo é completamente diferente”.