A cidade é o reino da economia informal e o fato é omissão delituosa. Nem a Receita Federal, nem a Secretaria de Estado da Fazenda e muito menos a Secretaria Municipal de Finanças se interessam pelos tributos omitidos. Pela primeira vez na história um conjunto de governantes rejeita dinheiro. São filiados a siglas antagônicas, mas aliados no entendimento de que só trouxa paga impostos. As violações à Lei de Responsabilidade Fiscal ocorrem dia e noite em centenas de vias, mas nada se compara ao absurdo da Rua 44, próximo à Estação Rodoviária.
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Calcula-se que em Goiás são sonegados 10 bilhões de reais por ano. Exatamente: 10 bilhões de reais todo ano. Atinge os cofres públicos e, mais ainda, o bolso do empreendedor. Centenas de empresários foram obrigados a deixar suas lojas e viraram camelôs. São comerciantes da Avenida 85, de Campinas, da Fama e do Setor Norte Ferroviário, os maiores centros de compras a céu aberto do Estado. Para sobreviver, se juntaram a camelôs tratados como coitadinhos, mas que na verdade são milionários. É impossível competir com quem não paga aluguel, imposto, obrigações trabalhistas, não paga nada. Simplesmente pegam a muamba da China e desovam nas calçadas da Rua 44. Grande parte dos camelôs nem é de Goiânia, vem de São Paulo e Brasília.
A Prefeitura e o Estado passam por dificuldades financeiras. Estão mais quebrados que arroz de cesta básica. Então, não se entende a vista grossa aos sonegadores. A omissão do poder público arrebenta a indústria goiana e manda às catacumbas o comerciante que cumpre seus deveres. Com a complacência das autoridades, os sonegadores esnobam influência. Chegam a vender muamba escorados nas Kombis da fiscalização.
O prefeito Paulo Garcia e o governador Marconi Perillo, certamente, não estavam sabendo dessa vagabundagem criminosa. E, claro, vão tomar providências. Estamos aguardando. Mas não escorados nas vans do rapa.