Marina Silva reforça compromisso com desmatamento zero, mas afirma que “ninguém pode impor sua vontade” 

Brasília, 2023/08/02 A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, na apresentação dos dados de alertas de desmatamento do DETER até 31 de julho e das ações de fiscalização na Amazônia e no Cerrado. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Em meio às críticas pela ausência de um consenso por uma meta comum de “desmatamento zero” até 2030 na Amazônia, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que ninguém pode impor sua vontade. A declaração foi dada durante entrevista ao programa de rádio Bom Dia, Ministro, da Empresa Brasil de Comunicação.  

Marina citou que nos primeiros sete meses de governo, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima ampliou a capacidade de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em quase 200%, além de registrar queda de 42% no desmatamento do país. 

“O Brasil já tem um compromisso de desmatamento zero. Já estamos trabalhando para alcançar o desmatamento zero até 2030”, reforçou.  

Acordos 

Marina opinou sobre as negociações que aconteceram na Cúpula declarando que a vontade sobre a meta de desmatamento não pode ser imposta. A ministra aproveitou ainda para destacar a importância do consenso sobre o ponto de não retorno da Amazônia.  

“O processo de negociação é sempre mediado. Ninguém pode impor a sua vontade. Então, são os consensos progressivos – na medida em que temos alguns consensos, a gente vai botando no documento. Uma coisa muito importante que aconteceu é que todos os países concordam que a Amazônia não pode ultrapassar o ponto de não retorno, ou seja, o ponto de quando não há volta. Porque, se ultrapassar 25% de desmatamento, a floresta entra num processo de savanização”, pontuou.  

“Pulmão do mundo” 

 A ministra lembrou que se ultrapassado esse ponto, será a destruição da floresta. O combate ao desmatamento e à desertificação deve ser uma preocupação imediata regional, mas tem impacto na esfera global.  

“A destruição da floresta significa a destruição, sobretudo, do nosso sistema de chuvas. Nós só não somos um deserto porque temos a Amazônia. Isso a gente tem que pensar com muita atenção. Quando se diz desmatamento zero é porque a ciência e o consenso estão nos mandando parar, porque essa floresta é responsável pelas chuvas, por 75% do PIB [Produto Interno Bruto] da América do Sul e pelo equilíbrio do planeta”, lembrou.  

Criada há 45 anos, a Organização do Tratado De Cooperação Amazônica (OTCA) teve um hiato de 14 anos em relação à reunião dos líderes dos países signatários, o que foi prejudicial, segundo a ministra.  

“Esse espaço de tempo foi prejudicial ao andamento de políticas regionais que nos levem a enfrentar o problema do desmatamento, da desigualdade social, do abandono das comunidades indígenas quando se pensa na região amazônica”, declarou.  

Cúpula da Amazônia Cúpula da Amazônia 

A Cúpula da Amazônia se encerra nesta quarta, 9, e contou com a participação dos países que fazem parte da Organização do Tratado De Cooperação Amazônica (OTCA): Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, além de convidados da comunidade internacional. O encontro deu origem à Declaração de Belém, documento onde os signatários firmam compromissos em prol do desenvolvimento sustentável da Amazônia.  

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática.