No dia 15 de janeiro, o Coritiba ficou marcado por ter quase 9 mil mulheres na torcida. Entre elas, crianças e até mesmo bebês nas arquibancadas, no jogo contra o Aruko, de Maringá, pela primeira rodada do Campeonato Paranaense. O Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) determinou que somente mulheres e crianças tivessem acesso ao estádio Couto Pereira. Neste dia histórico, o coro feminino viralizou nas redes sociais e repercutiu na imprensa nacional.

A radiologista Juliane Cristina, de 26 anos, é torcedora do Coritiba e frequenta o Couto Pereira desde criança. Por conta das confusões que acontecem entre os torcedores de futebol, seu pai sempre a alertou para ter cuidado ao ir nos estádios.

“Eu sempre tive uma restrição de como chegar no estádio. Acontece muita briga, então sempre teve todo um esquema com a minha família para chegar e aproveitar. De uma forma indireta, já senti essa pressão de como me proteger, esse medo de acontecer algo comigo. Isso acontece em todos os jogos que eu vou”, contou.

A atitude do TJD-PR permitiu que o público feminino experimentasse a liberdade no estádio, livre de assédio, ofensas ou importunação sexual. Dessa forma, as 8.871 mulheres e crianças não se preocuparam com a sua segurança.

“Esse estado de alerta que meu pai havia me ensinado não era presente em nenhuma das mulheres e crianças que estavam lá. Eu fico emocionada, estava no estádio que sempre fui, e só tinha voz feminina gritando. Como Coxa-Branca, foi o momento mais histórico que eu vivi”, afirmou.

Torcedoras do Coxa no jogo do Coritiba x Aruka (Foto: Rafael Ianoski/Coritiba)

O misto de emoção pela vitória do Coxa, aliado com o grito do tão esperado gol da vitória, despertou sentimentos únicos, no qual fez história.

“Eu tive uma sensação de pertencimento. Esse lugar é nosso”, finalizou.

Outra torcedora, que também se emocionou pela união feminina durante uma partida de futebol, foi Barbara Brenda. Na conta no Instagram da torcida Gurias do Couto, além de analisar o jogo, ela comentou a sua experiência na arquibancada em um dia histórico no futebol brasileiro.

“Pela primeira vez na história, nós tivemos mulheres e crianças de até 12 anos nas arquibancadas. Foi lindo, foi mágico. As pessoas precisam entender a importância das mulheres nas arquibancadas e a importância da mulher no futebol. Sejam elas como torcedoras, comentaristas ou jornalistas”, comentou. E destacou como foi prestigiar a vitória do Coxa dentro de casa.

“E é obvio que reunir quase 9 mil pessoas, não poderia resultar em algo que não fosse a vitória do Coritiba. Mais três pontos pra gente começar essa temporada e o campeonato com o pé direito”, comemorou.

Próximo jogo

Neste domingo (22), o Coritiba enfrenta o Rio Branco, às 16h, no Couto Pereira, pela 3ª rodada do torneio estadual.

Punição

Em fevereiro do ano passado, o TJD-PR puniu Coritiba e Athletico Paranaense devido a uma confusão entre as torcidas. Neste ano, os clubes recorreram para que houvessem torcidas no Campeonato Paranaense. O tribunal acatou o pedido de outra forma, com o acesso ao estádio apenas para mulheres e crianças de até 12 anos. O ingresso foi trocado por 1kg de alimento.

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