Quinze de junho é o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, instituído pela Organização Mundial das Nações Unidas. No Brasil segundo dados do Ministério da Saúde, em 2016, o país tinha a quinta maior população idosa do mundo e, em 2030, o número de idosos ultrapassará o total de crianças entre zero e 14 anos. Essa população está a cada dia se tornando alvo de violência.

Em entrevista ao Sagres Em Tom Maior na Sagres TV, a médica e representante do Núcleo de Promoção da Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Marta Maria Alves da Silva, falou sobre os diferentes tipos de violência que os idosos são vítimas.

“Esse tema é extremamente grave e preocupante, é um problema de saúde pública que tem impactado muito no adoecimento e na morte das pessoas idosas. Elas sofrem violência física, mas também sofrem violência psicológica, violência moral, violência patrimonial que também chamada de violência financeira, a violência sexual, desde de abuso sexual, estupros a diversas outras formas e também, a negligência e o abandono. Essas são as principais formas de violência (sofridas pelos idosos)”, explicou.

Em Goiânia, os dados do Núcleo de Prevenção da Violência e Promoção da Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), mostram que em 2019, 7% das notificações de violência eram contra pessoas idosas, entre 60 a 69 anos de idade, sendo que 54,2% são mulheres negras ou pardas.  As mulheres idosas residentes na cidade de Goiânia, tendem a sofrer dois tipos de violência: por negligência e abandono (48,9%) e a psicológica e moral (19,9%) enquanto os homens idosos sofrem mais violência física (37,4%).

Marta Maria ainda destaca que “essas violências tem como principais autores, os familiares. Em mais de 51% dos casos foi um familiar, a maioria deles dentro de casa, quase 80%. Então o problema é grave e nós precisamos fazer esse trabalho de conscientização e de prevenção para que a gente não tenha essa situação”.

A cultura de violência e a desigualdade social são alguns dos fatores que mais colaboram para a recorrência dos casos de agressão. Outro fator é a falta de compreensão por parte dos familiares em relação ao processo de envelhecimento.

“A gente vê às vezes alguns filhos, impacientes com o pai, com a mãe, enfim com o idoso, e acabam por cometer violências que vão desde a psicológica, com xingamentos e agressões verbais e também física, por não entender que o poder cognitivo e o entendimento daquele idoso está alterado”, ressalta Marta Maria.

Há também problemas para se contabilizar os casos de agressão por conta da dificuldade que o idoso tem em fazer a denúncia, já que o local onde ele mais sofre violência é na própria residência. Em 51,1% das violências notificadas o agressor é um familiar e 17,6% das vezes que se trata de um desconhecido e na maioria dos casos é quando o idoso não quer denunciar o autor.

A Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, vem realizando um importante trabalho para atendimento desses idosos e o registro dos casos de violência. As fichas de notificação de violência confirmada ou suspeita são uma uma ferramenta para registrar os casos de agressão. Essas fichas são preenchidas nas unidades de saúde onde o profissional é capacitado para identificar se o idoso vem sofrendo algum tipo de violência.

Todas são encaminhadas para os Distritos Sanitários e repassadas ao Núcleo de Prevenção e Promoção da Saúde, onde são feitos os devidos encaminhamentos e posteriormente encaminhadas para o Ministério Público para investigação e providências necessárias.

As políticas e campanhas de prevenção da violência contra a pessoa idosa são de suma importância para que a sociedade denuncie e fique vigilante aos casos de agressão. As denúncias podem ser feitas pelo telefone disque 100 do Disque Direitos Humanos e também pelo 180 da Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, as ligações são gratuitas.

Confira a íntegra entrevista com a Doutora Marta Maria, no Sagres Em Tom Maior #111