
O desmatamento no segundo maior Bioma da América do Sul, o Cerrado – o principal de Goiás, registra crescimento constante desde 2019 e atingiu mais de 8.500 km² em 2021, segundo dados do projeto Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O órgão realiza o monitoramento da devastação das florestas, por meio de imagens de satélite.
O programa avalia o chamado corte raso, que é a eliminação completa de qualquer vegetação sobre determinada área, e o bioma teve 2021 como o ano mais devastador desde 2016. Os últimos quatro anos, desde o início das gestões de Jair Bolsonaro (PL), no governo federal, e de Ronaldo Caiado (UB), no governo estadual, marcam crescimento de 34,9% na área total desmatada no bioma desde 2019, quando 6.300 km² de área preservada foram derrubados.
Goiás foi responsável pela quarta maior fatia de desmatamento, com 10,8% de toda a área atingida no período, atrás apenas de Maranhão (26,7%), Tocantins (20%) e Bahia (10,9%). O Cerrado chegou a ter números ainda mais alarmantes, como em 2001, quando foram mais de 26.000 km² de destruição. Os registros, no entanto, tiveram queda seguida de em oscilação, até 2015. A partir de 2016, houve redução, até voltar a crescer desde 2019.
Alerta
O Sistema de Alerta de Desmatamentos do Cerrado (SAD-Cerrado) aponta que o desmatamento no cerrado continua em avanço em 2022, em direção à vegetação nativa. Segundo os dados, viabilizados por imagens de satélite e inteligência artificial, a degradação é impulsionada por grandes produtores rurais que retomam áreas antes preservadas dentro das propriedades ou exploram novas fronteiras agrícolas.
O monitoramento é feito pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e aponta crescimento de 15% da área de Cerrado em alerta de devastação. O percentual é referente apenas ao primeiro semestre deste ano: de 253,4 mil hectares entre maio e julho de 2021, passou para 291,2 mil hectares no mesmo período de 2022.
“Ampliou o número de municípios com desmatamento, a área média de cada desmatamento cresceu e a velocidade de cada desmatamento cresceu. Se a velocidade aumenta e a área aumenta, há uma sinalização de que tem impunidade em curso”, comenta o engenheiro florestal Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas.