FÁBIO ZANINI SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Membros do Judiciário, Ministério Público e PF (Polícia Federal) ouvidos pela coluna Painel, da Folha de S.Paulo, veem com gravidade a minuta de decreto encontrada na casa do ex-ministro da Justiça e Segurança Anderson Torres, mas avaliam com cautela o impacto no destino do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Um integrante da PF descarta pedir a intimação automática de Bolsonaro para prestar esclarecimentos, sem ouvir antes Anderson Torres. Para sustentá-la, seria necessário encontrar algo que ligasse o documento ao ex-presidente, como um e-mail, ou outro rastro em computadores.

Procuradores avaliam que o mais provável é a crise ir escalando, aproximando-se do ex-presidente antes de chegar até ele. Mencionam a possibilidade de se investigar, por exemplo, o ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Augusto Heleno, um dos auxiliares militares mais próximos de Bolsonaro. Citam também o papel do vereador Carlos Bolsonaro, considerado o estrategista do clã nas redes sociais, na incitação dos atos.

No Judiciário, a percepção é de que se trata do início de uma investigação que pode, ao final, alcançar a inelegibilidade do ex-presidente. Uma condenação por atentados contra o Estado de Direito poderia ser enquadrada na Lei da Ficha Limpa.

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