Apesar de conquistas históricamente recentes como o direito ao voto e ao divórcio, quando o assunto é mercado de trabalho as mulheres ainda são obrigadas a enfrentar desconfianças, assédio e salários mais baixos em comparação aos valores pagos aos homens.

As dificuldades são ainda maiores em profissões tidas como masculinas. A barbeira Dayane Resende, por exemplo, afirma ter tido que se esforçar para superar os olhares desconfiados dos clientes no início da carreira. “Como não era um hábito ver uma mulher na barbearia, cortando cabelo e fazendo barba, os clientes duvidavam muito da minha capacidade. Dizam coisas do tipo: ‘se ela não conseguir cortar a gente raspa’. Então o que me levou a continuar foi o amor”, relembra.

Thaynara Oliveira também é barbeira e ressalta que já passou por constrangimentos só por ser mulher. “Infelizmente hoje em dia as meninas (recepcionistas da barbearia) têm que perguntar aos clientes se eles aceitam ser atendidos por uma mulher. Eu já passei alguns constrangimentos. Uma vez um cliente disse que preferia ser atendido por um homem. Geralmente eles (clientes) dizem que eu não sou capaz de realizar o serviço porque não tenho

barba”, afirma.

Assim como as barbeiras Dayane e Thaynara, a jornalista Núbia Alves acredita que as mulheres são obrigadas a provar suas habilidades frequentemente. No jornalismo esportivo, Núbia destaca que o maior adversário das profissionais é o machismo, presente dentro e fora dos campos. “As condições de trabalho são precárias. Em alguns estádios não tem banheiro feminino. As estruturas do futebol não são feitas para atender a mulher e isso nos afasta do esporte”, pontua.

Para realizar transformações na sociedade é preciso que as mulheres se mobilizem politicamente. Embora elas representem mais da metade da população brasileira – conforme o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – segundo dados do governo federal, menos de 10% do total de parlamentares do país é do gênero feminino.

A vereadora por Goiânia, Sabrina Garcêz (PMB), assinala que no ambiente político o preconceito existe, mas de forma velada. “Infelizmente a todo momento os homens tentam se sobrepôr às mulheres. Muitas vezes nós (parlamentares) somos interrompidas pelos homens quando discursamos no plenário”, assevera

No quesito econômico, o Relatório de Desigualdade Global de Gênero 2016, do Fórum Econômico Mundial, mostra que no Brasil, em mais da metade dos casos os homens ganham salários superiores aos das mulheres para desempenhar a mesma função.

A Engenheira Civil Sara Stefan, avalia que os salários mais baixos estão ligados a uma visão machista sobre a inteligência da mulher. “Questões salariais são complicadas e a gente sabe que as mulheres geralmente ganham menos do que os homens. Hoje recebo o mesmo salário que os meus colegas, mas isso demorou. Eu tive que mostrar serviço”, destaca.

Ainda de acordo com o Relatório do Fórum Econômico Mundial, entre os 144 países avaliados, o Brasil ocupa a 79ª posição do Índice Global de Disparidade de Gênero, tendo as participações econômica e política como as principais lacunas registradas.

Ouça a reportagem na íntegra:

{mp3}Podcasts/2017/marco/11/larissa_artiaga_profissoes_mulheres{/mp3}