O alerta sobre os impactos devastadores do aumento do nível do mar ganha ainda mais urgência com novas descobertas da organização Climate Central. Esta organização já havia chamado a atenção para o cenário sombrio em 2021 e 2023, através de simulações visuais que ilustravam as potenciais consequências do não cumprimento das metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.
Agora, um estudo recente reforça a necessidade de conter as emissões para mitigar o aumento da temperatura global e os danos resultantes das mudanças climáticas. Segundo os cientistas da Climate Central, até o fim deste século, o aumento do nível do mar, causado pelas mudanças climáticas, ameaçará terras que atualmente abrigam quase 100 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, especificamente, estima-se que 2,1 milhões de pessoas enfrentarão o risco de inundações anuais nas áreas costeiras até 2100.
O relatório “Estado do Clima Global 2023” da Organização Meteorológica Mundial (OMM) lançou luz sobre a gravidade da situação, revelando que 2023 foi o ano mais quente já registrado e que o nível médio global do mar atingiu um recorde, conforme registrado por dados de satélite desde 1993. Este fenômeno reflete o aquecimento contínuo dos oceanos e o consequente derretimento de geleiras e calotas de gelo.
OMM
Dados analisados pela OMM indicam que a taxa de aumento médio do nível do mar global nos últimos dez anos (2014-2023) é mais do que o dobro da observada na primeira década de registros por satélite (1993-2002). Esse aquecimento é atribuído às emissões de gases de efeito estufa, sendo a queima de combustíveis fósseis a principal fonte desses gases na atmosfera.
À medida que os oceanos se expandem, áreas que anteriormente eram consideradas seguras agora estão sob ameaça de inundação, expondo comunidades inteiras a perigos crescentes. Novas análises científicas indicam que, até o fim do século, as zonas de risco se expandirão ainda mais, alcançando áreas mais elevadas e mais profundas no interior das regiões costeiras, onde atualmente residem 93 milhões de pessoas.
No Brasil, estima-se que 1,3 milhão de pessoas estarão em áreas de risco de inundação costeira anual até 2030. Esse número deverá aumentar em 68% até 2100, chegando a 2,1 milhões de pessoas vivendo com a ameaça iminente de inundações anuais.
Risco de inundação costeira
Em várias nações, o risco de inundação costeira até o final do século resultará em um aumento significativo no número e na proporção de residentes expostos a danos, perturbações e perdas durante eventos climáticos extremos.
Por exemplo, na China, cerca de 52 milhões de pessoas estão atualmente em áreas de risco, esperando-se que esse número aumente para 81 milhões até 2100. No Vietnã, 18 milhões de pessoas estão em risco em 2030, com um aumento para 25 milhões até o final do século.
Essas projeções alarmantes são baseadas em análises atualizadas da Climate Central sobre elevações globais e previsões de risco de inundação costeira, utilizando o cenário mais recente de emissões do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), combinado com dados populacionais para estimar o número de pessoas que atualmente vivem em áreas que enfrentarão um risco crescente de inundações costeiras devido ao aumento do nível do mar.
Essas análises são fundamentadas em uma extensa atualização, datada de março de 2024, do CoastalDEM, um modelo de elevação digital que utiliza inteligência artificial e é considerado o conjunto de dados globais com menor margem de erro em termos de altitudes de terras costeiras.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática
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