Depois de mais de quatro anos de espera, a bola enfim voltou a rolar pela Copa do Mundo de futebol. Ao invés de acontecer entre junho e julho, como tradicionalmente, o Mundial do Catar acabou adiado para os meses de novembro e dezembro pelas questões climáticas no Oriente Médio, que pela primeira vez sedia o prestigioso torneio organizado pela Fifa.

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A mudança no calendário é uma das tantas polêmicas que cercam o torneio realizado no emirado. Ao interromper a temporada europeia, a Copa de 2022 traz um contexto inédito para todos, que poderemos sentir durante as primeiras rodadas, com jogos de menor intensidade e qualidade. Afinal de contas, poucas seleções tiveram tempo de preparação exclusivo para o Mundial.

De toda forma, a seleção equatoriana não deixou a desejar na abertura do torneio no estádio Al Bayt, na cidade de Al Khor, a cerca de 50 km da capital Doha. Comandados pelo argentino Gustavo Alfaro, a jovem e promissora geração do país sul-americano foi uma das gratas surpresas das Eliminatórias e confirmou as expectativas diante da frágil seleção local, que sentiu a pressão da estreia.

O Catar teve uma década para transformar a estrutura do país e também do seu futebol, e milhões de dólares foram investidos na formação de jogadores, inclusive com intercâmbio europeu para o desenvolvimento do esporte na península. E isso trouxe bons resultados, como na conquista da Copa da Ásia, em 2019, quando superou seleções tradicionais, como Japão e Austrália.

No entanto, nada disso foi visto em campo nesta tarde, para a decepção local. Dominado pela energia, força física e qualidade técnica do Equador, o Catar não foi páreo para o time visitante, que balançou as redes logo cedo. O gol acabou anulado por impedimento, o primeiro em mundiais através da tecnologia do impedimento semiautomático.

Mesmo invalidado, o gol foi um grande baque para os anfitriões, que já tinham mostrado boa organização em outros torneios. Comandados pelo capitão e artilheiro Enner Valencia, um dos veteranos do grupo equatoriano, os visitantes se impuseram mesmo com a juventude de um grupo de jogadores que evidencia um dos melhores projetos do futebol sul-americano.

Dos 11 equatorianos titulares na formação de Alfaro, cinco foram formados pelo Independiente del Valle, clube recém-bicampeão da Copa Sul-Americana, vice-campeão da Copa Libertadores em 2016 e consolidado como uma das forças do futebol local, superando os clubes históricos do país. Com uma identidade clara desde a base, se tornou referência na formação de jogadores.

Os cinco atletas revelados pelo Del Valle são o lateral Ángelo Preciado (Genk-BEL), o zagueiro Piero Hincapié (Bayer Leverkusen-ALE), os volantes Jhegson Méndez (Los Angeles FC-EUA) e Moisés Caicedo (Brighton-ING) e o atacante Gonzalo Plata (Real Valladolid-ESP), hoje todos no futebol internacional. O centroavante Michael Estrada (Cruz Azul-MEX) também passou pelo clube de Sangolquí.

A primeira de uma das tantas lições que o Catar terá durante esta Copa. Dentro e fora de campo.