Uma gravidez não esperada pode trazer transtornos, mas estes são muito maiores quando ela acontece na adolescência. O período é de transições, descobertas e inseguranças, mas também de estudos, de preparação para uma vida profissional qualificada e tranquila. Na maioria dos casos de gravidez na adolescência, entretanto, não é isso o que acontece.

Em números, a psicóloga clínica e organizacional, Ariana Fidelis, que concedeu entrevista exclusiva no Cidadania em Destaque desta quarta-feira (31), ressaltou que milhões de partos foram realizados no Brasil por conta de gestações não planejadas ou inesperadas em jovens.

Ouça a entrevista na íntegra:

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“Até o ano 2000 aqui no Brasil cerca de 2,5 milhões de partos realizados, sendo que, destes, meio milhão eram de adolescentes entre 15 e 19 anos. São dados alarmantes. As pesquisas também apontam que, nos últimos anos, em 2013, apesar do número de gravidez na adolescência vir se reduzindo, o Brasil ocupa ainda uma colocação bastante relevante. Dos 43 países, Brasil ainda consta com quase 13% de meninas adolescentes que ficam grávidas entre os 14 e os 19 anos”, destaca.

Dados divulgados pela Unesco mostram que 25% das meninas entre 15 e 17 anos, e que deixam a escola, o fazem por causa da gravidez. Ariana Fidelis comenta o percentual e diz que muitas jovens escondem que estão grávidas.

“Em muitos casos as adolescentes não contam que estão grávidas porque tentam evitar falar nesse assunto que, apesar de toda a evolução da humanidade, ainda é um tabu. A sexualidade é um tabu na maioria dos lares. A gravidez é mais ainda. Elas escondem a gravidez, começam um pré-natal tardio e isso pode trazer várias consequências físicas e psicológicas, tanto para a mãe quanto para o bebê”, alerta.

Atualmente, o Brasil está na 49º colocação entre os países com maior número de adolescentes grávias: são 70 a cada mil meninas entre 15 e 19 anos que deram à luz em 2013, de acordo com a última pesquisa do Banco Mundial.  Acima do Brasil, encontram-se, principalmente, países africanos que têm uma cultura permissível ao casamento infantil. O Níger, por exemplo, adota essa tradição e 71% das mulheres se casaram antes dos 18 anos. Ele se encontra no topo da lista, com 205 meninas a cada mil de 15 a 19 anos que são mães.