A cidade continua substituindo aulas por balbúrdia e o fato alegra somente a quem odeia o futuro. Um Dia do Professor com cara de Finados. No caso, quem está morta é a expectativa de melhor qualidade de ensino. Quem faleceu foi o índice de Goiânia nas provas nacionais. Sepultou-se a esperança de que a Educação seja prioridade ao menos para os diretamente envolvidos. Por mais justas que sejam as reivindicações na greve dos professores, e elas são mesmo justas, nada pode ser maior que a aula. Quando o aluno não tem a aula, tudo falhou.
A corda quebrou novamente no pescoço do estudante, pois quem enforcou a aula foi quem deveria ministrá-la. O aluno escapa do laço e se arrebenta na queda, pois a bagunça vai se refletir no nível de seu aprendizado. Depois, o tempo perdido será reposto de qualquer jeito, às pressas, apenas para cumprir a carga horária anual. O estudante passa de ano apenas porque o ano passou, não por ter aprendido o que deveria.
Nada pode ser superior ao professor. Nada. Nem os organizadores de movimentos. Os próprios sindicalistas são, antes de líderes de classe, regentes de classe. São, sobretudo, professores. E nada pode ser superior ao professor. Nada. Nem a secretária de Educação, nem o governante, nada. O problema é que a vontade de aparecer na mídia no ano pré-eleitoral supera a vocação para o ofício. Ressalte-se que esse desejo não é o da maioria. A maioria quer dar aula, nasceu para dar aula, ganha para dar aula, tem vontade de dar aula e está com saudade de dar aula. Para ela é que o sol nasce 365 vezes no ano iluminando o Dia do Professor.
A greve é um direito, não uma obrigação. Ter aulas é um direito do aluno e uma obrigação do professor, do secretário, do chefe do Executivo. As reivindicações explicam a greve, mas falta quem explique as matérias na sala de aula. E nada é superior à aula. Nada. O instrumento de pressão sobre o prefeito atinge, primeiro e com mais furor, o aluno. Ele é a vítima. É a vítima da greve. É a vítima da falta de priorizar a Educação. É a vítima dos sindicatos, os oficiais e os clandestinos. E é vitimando o aluno que se anula o futuro de Goiânia.