O recente levantamento do Carbon Brief revelou um marco histórico para a China: em 2024, a economia de energia limpa do país representou 10% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse dado não é apenas um número impressionante, mas uma declaração sobre o futuro. A transição energética já não é uma aposta, mas um eixo de desenvolvimento econômico. O Brasil, que sediará a COP 30 em 2025, tem muito a aprender com esse movimento.

Duas lições-chave da China

O primeiro grande aprendizado é a escala e consistência dos investimentos. A China não apenas direciona capital de seu PIB para energia solar, eólica e veículos elétricos, mas faz isso dentro de uma estratégia de longo prazo, alinhando setores industriais, infraestrutura e políticas públicas. No Brasil, ainda há descontinuidade e falta de coordenação entre os atores envolvidos na transição energética. Sem um plano estruturado, corremos o risco de perder oportunidades na nova economia global.

A segunda lição é a redução da dependência de combustíveis fósseis. A China tem investido pesadamente em eletrificação e novas formas de armazenamento de energia para reduzir sua vulnerabilidade ao mercado internacional de petróleo. O Brasil, embora tenha um setor elétrico predominantemente limpo, ainda depende do diesel e da gasolina em sua matriz de transportes e tem manifestado o desejo de iniciar pesquisas para extração de petróleo na foz do Rio Amazonas.

Brasil 2030: caminhos para a economia verde

Com o avanço chinês como referência, o Brasil precisa tomar três medidas cruciais para se consolidar como uma potência em energia limpa até 2030:

  1. Política Industrial Verde – Assim como a China e seu PIB, o Brasil deve estruturar uma estratégia de longo prazo para indústrias sustentáveis. Com vastos recursos naturais, temos potencial para liderar a produção de hidrogênio verde e biocombustíveis, mas é necessário investimento em pesquisa e infraestrutura.
  2. Incentivo à Mobilidade Elétrica – O Brasil pode acelerar sua transição para veículos elétricos com incentivos fiscais e desenvolvimento de cadeias produtivas locais, aproveitando o lítio e outros minerais críticos disponíveis no território nacional.
  3. Expansão da Geração Distribuída – A energia solar fotovoltaica já cresce de forma expressiva no Brasil, mas políticas mais ousadas podem garantir maior acesso e democratização da energia renovável, reduzindo desigualdades e fortalecendo o setor.

O resultado chinês é um alerta para o Brasil: ou aceleramos nossa transição energética com estratégia e coordenação, ou ficaremos para trás na economia do futuro. O momento de agir é agora.

[COP À COP]

– GOIÁS NA COP30 – A Semad está preparando as propostas que Goiás levará à COP30, em novembro, buscando protagonismo global. O estado atuará junto ao Consórcio Brasil Central para destacar o Cerrado e apresentará iniciativas próprias sobre mudanças climáticas. Um protocolo de intenções consolidará o grupo de trabalho interinstitucional, garantindo embasamento técnico para as discussões.

– CHOCOLATE AMEAÇADO Nos últimos dez anos, as temperaturas máximas diárias nos países produtores de cacau na África Ocidental ultrapassaram o limite ideal de 32 °C, afetando negativamente a produção. Como resultado, os preços do cacau aumentaram 136% entre julho de 2022 e fevereiro de 2024. Especialistas alertam que, se as emissões de gases de efeito estufa continuarem, a produção de cacau poderá diminuir ainda mais, impactando a disponibilidade de chocolate globalmente.

– NOVA POLÍTICA JAPONESAO governo japonês estabeleceu metas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 60% até 2035 e 73% até 2040, tomando como base os níveis de 2013. O plano energético revisado prevê que, até 2040, fontes renováveis componham até 50% da matriz elétrica, enquanto a energia nuclear contribuirá com 20%. Essas medidas buscam promover a descarbonização, garantir um fornecimento energético estável e fortalecer a capacidade industrial para impulsionar o crescimento econômico.

RESTRIÇÃO DE DELEGAÇÃO – A COP30 em Belém enfrenta desafios logísticos, como a infraestrutura limitada e o alto custo das hospedagens. O secretário Valter Correia recomendou que os países reduzam o tamanho de suas delegações, enquanto o governo desenvolve uma plataforma para cadastrar acomodações e utilizará navios como alternativa. Lula reforçou que o evento ocorrerá “do jeito que for”, sugerindo opções mais simples. A adaptação às condições locais será essencial para o sucesso da conferência.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 08 – Trabalho Decente e Crescimento Econômico