O Vila Nova voltou ao trabalho nesta sexta feira, 19, e já voltou dispensando o atacante Nando. Particularmente achei acertada a liberação do jogador. O passado de goleador não se repetiu no Tigrão. Antes da liberação do Nando a diretoria já havia anunciado o retorno de Dudu, jogador revelado pelo próprio clube, que teve algumas oportunidades, mas nunca se firmou no time titular.

Dudu disputou o Campeonato Goiano pelo Jaraguá e foi um dos destaques da equipe que ocupava a segunda posição da competição, quando a mesma foi paralisada, em função da pandemia. No Jaraguá, Dudu deixou de ser meia atacante, como era no Vila Nova e passou a jogar como segundo homem de meio campo, o segundo volante, que é aquele que recebe a bola da defesa, fazendo a distribuição da mesma de acordo com o posicionamento dos seus companheiros e do time adversário. É uma função fundamental em um time bem estruturado tecnicamente, exige boa condição física, habilidade, explosão e inteligência.

O distribuidor da bola começa a armação do time para chegar ao gol adversário. É ele também o apoiador, ou seja, aquele jogador que ao fazer o passe reaparece no espaço vazio, pois se o companheiro que recebeu a bola for sufocado pela marcação adversária, pode retornar a mesma para ser redistribuída.

Outra noção que o segundo volante tem de ter é a ocupação de espaço entre o jogador adversário que está com a bola e quem pode receber o passe, para fazer a interceptação da jogada, se antecipando na jogada.

O segundo volante qualificado está muito valorizado no futebol brasileiro, tanto que o Atlético Mineiro, por exigência do respeitado técnico Jorge Sampaoli, pagou R$ 4 milhões por 80% dos direitos federativos do Léo Sena, ao Goiás. O jogador sairia de graça, no final do ano, quando venceria seu contrato, mas o clube mineiro preferiu pagar para ter o jogador já para o início do Brasileiro Série A, que ninguém sabe ao certo quando será. Sampaoli sabe que no futebol moderno, quem tem um segundo volante eficiente, tem meio caminho andado para o êxito.

No Jaraguá, Dudu fez este papel com muita qualidade e foi isto que o trouxe de volta para o Vila Nova.

A contratação foi muito criticada, mas o Vila Nova é essa bomba com estopim exposto e qualquer um pode chegar fogo para provocar a explosão, a qualquer momento. É um clube cheio de facções e as que estão fora da gestão, ao invés de ir para a trincheira da que administra o clube, fica à espreita para detonar e detona tudo, mesmo antes de saber o resultado.

Acho que a contratação tem tudo para dar certo. Não foi este o único retorno de atleta formado na casa que o Vila apresentou neste reinício de trabalho: veio também o John Lenon, que joga nas duas laterais e no meio campo. Jogador com experiência de Série A, que supera a limitação técnica com a inteligência para jogar futebol e com a força de vontade. Também foi criticada a contratação e outra vez eu acredito que Lenon reforça é muito.

A qualquer momento uma nova contratação deve ser anunciada. Pelo menos foi o que deixou entender o presidente Hugo Jorge Bravo, numa entrevista a mim, Charlie Pereira e Rafael Bessa, no programa Toque de Primeira, na Sagres 730. Trata-se de outro destaque no Jaraguá, que jogou ao lado de Dudu no meio campo, o primeiro volante Derly. Perguntado sobre a negociação, Hugo Jorge Bravo afirmou: “Só falo de contratação quando o jogador já assinou o contrato, mas o Derly tem jeito de Vila Nova, raçudo, joga sério e tem cara fechada”.

Os três profissionais que faziam a entrevista concluíram que a resposta evidência a contratação. Mas o presidente do Vila Nova pode se preparar, pois os corneteiros já estão com as cornetas nos lábios para soprar quando a negociação for anunciada. E mais uma vez a contratação tem minha simpatia. Não é um jogador famoso, mas já mostrou em diversas equipes da divisão intermediária do futebol goiano, que é eficiente no que faz e tem perfeito entrosamento com Dudu.

Uma outra possibilidade de contratação que vem sendo falada nos bastidores do Vila, o atacante Pedro Júnior, que também foi revelado pelo clube e joga no futebol do exterior, foi descartada pelo presidente.

“É um jogador caro e o clube não tem orçamento para contratar e no Vila Nova só vamos gastar de acordo com nossas condições financeiras”.

E está certo o presidente. O Vila Nova vem de insucessos frequentes e está metido em dívidas milionárias por falta de critério de algumas das diretorias passadas, principalmente a última. O resultado da gestão foi ficar fora da decisão do campeonato regional e cair da Série B para a Série C, no Brasileiro. A isto soma-se o fato de o clube estar há 15 anos sem conquistar um título regional e a necessidade de investir na atualização do patrimônio, com reformas e ampliações no Estádio Onésio Brasileiro Alvarenga e no Centro de Treinamentos.

Levando em consideração que o retorno do futebol pós-pandemia será com os portões fechados e que na Série C todas as despesas correm por conta do clube, o Vila não tem sua principal fonte de renda, que é a presença da sua torcida apaixonada nos jogos, tem dívidas a pagar, gastos com o patrimônio e os dirigentes terão de desembolsar para a sobrevivência do clube. Desta forma ninguém precisa esperar contratações caras no Vila. Serão baratas e não tem como ser diferente.

A diretoria do Vila Nova está certa, e deixe os corneteiros soprarem as cornetas, pois vindo os resultados positivos, eles metem o instrumento no saco.