Na última quarta-feira (21), ao vencer o Vasco por 3 a 0, no Mineirão com quase 60 mil pessoas, o Cruzeiro chegou a 68 pontos ganhos e garantiu matematicamente o retorno para a Série A. O Cruzeiro confirmou o acesso com sete rodadas de antecedência. Bateu o recorde do Corinthians que em 2008 subiu com seis rodadas para o fim com campeonato. É uma das melhores campanhas da história da Série B do Brasileirão. O clube ainda busca o título e outros números expressivos na reta final da competição. O Cruzeiro foi o dono do campeonato desde o início.

O Cruzeiro é o primeiro exemplo bem-sucedido de equipe que a aderiu à SAF (Sociedade Anônima do Futebol). A Lei 14.193 de 2021 permitiu que clubes se transformem em empresas. No Brasil, quase todos os clubes ainda seguem o modelo de associação civil.

A lei que criou as sociedades anônimas do futebol (SAFs) deu bons resultados nos primeiros 12 meses de vigência no Cruzeiro. Sob o comando do sócio majoritário, Ronaldo Nazário, a SAF do time celeste já pode ser avaliada como positiva em alguns aspectos. Permitiu o equacionamento das dívidas do clube, a gestão tornou-se profissional com mais transparência na governança corporativa.

Vasco e Botafogo que também aderiram ao novo modelo empresarial estão em fase de adaptação. Os 2 clubes estão deixando o status de instituições falidas. Tentam equacionar as dívidas com a implantação de uma gestão profissional. No Botafogo, a administração de John Textor (dono da SAF) está em atraso na entrega de diversas obrigações financeiras que constam no acordo assinado com acionistas em março deste ano.

O Vasco concluiu, recentemente a venda de 70% das ações da Sociedade Anônima do Futebol por R$ 700 milhões de reais à empresa americana 777 Partners. O grupo está oficialmente com o controle do departamento de futebol do clube carioca. A equipe de São Januário já recebeu um investimento imediato de R$ 120 milhões nos cofres. Como é uma sociedade embrionária só o tempo vai dizer que rumo vai tomar.

Antes da adesão a SAF, o Cruzeiro passou por dias difíceis. O Clube teve dirigentes investigados, perdeu pontos por dívidas, viu jogadores em greve por salários atrasados e brigou para não cair para a Série C por dois anos consecutivos. Demorou três anos para retornar para a Série A do Campeonato Brasileiro. Foi um caminho longo, árduo e com percalços até chegada da SAF sob o comando do Ronaldo.

No Cruzeiro Ronaldo é um fenômeno como como atleta e como gestor. Como jogador atuou pelo clube em 58 partidas entre 1993/94. Marcou 56 gols. Foi campeão da Copa do Brasil de 93 e do campeonato mineiro de 94. Como dirigente acabou de retornar a equipe para a primeira divisão do futebol brasileiro. A esperança é de que com Ronaldo o Cruzeiro volte a se firmar na elite e a brigar por títulos nacionais e internacionais.

Festa da torcida da Raposa (Foto – Divulgação Cruzeiro)

Durante as comemorações do acesso, na entrevista que concedeu a imprensa Ronaldo avisou: “O sucesso é na área esportiva, os problemas continuam. Vamos ter que usar muito nosso talento para resolver as questões que ainda restam”. E acrescentou: “Ano que vem será um ano importantíssimo, nós temos que ficar na Série A para melhorar as nossas finanças, vai ser o objetivo. E com certeza faremos um time competitivo”.

No Brasil existe a lei que pega, que cai na graça popular. O exemplo neste sentido é a lei Maria da Penha que promoveu o maior avanço para os direitos das mulheres como não se via desde a Constituição de 1988. E existe lei que não pega. Fica em desuso. A chamada letra morta!

Com a adesão desses 3 grandes clubes (Cruzeiro, Vasco e Botafogo) há indícios fortes de que a Lei das SAFs vai pegar. Que os clubes adiram ao novo modelo de gestão com as cautelas e estudos necessários que todo negócio exige.

Parabéns a todos os cruzeirenses, especialmente a minha colega Nathalia Freitas do Sistema Sagres de Comunicação, pela conquista antecipada de retorno a série A do futebol brasileiro!