24 anos de trabalho, 1.499 jogos narrados. Ronair Mendes já faz parte da história do Rádio Esportivo Goiano. Além de decisões de campeonatos estaduais, já narrou jogos internacionais de grande expressão, como a decisão da Copa das Confederações no Maracanã em 2013 entre Brasil e Espanha e a decisão da Copa América entre Brasil e Paraguai, em Assunção (Paraguai), em 1999.
Passando por diversas Rádios Goianas, Ronair já narrou 1.499 jogos e 4.188 gols em toda sua carreira. Desde 2010 na Rádio 730, o maior talento da narração esportiva do Brasil já soma 326 jogos narrados na emissora. O jogo de número 1500 será entre Goiás e Santos, nesta quinta-feira, pela 6ª Rodada do Campeonato Brasileiro. Em entrevista exclusiva para o Portal 730, o narrador fala de sua carreira, seus sonhos e perspectivas.
Faz quanto tempo que você está no Rádio?
Faz 24 anos que estou no Rádio.
Por que você escolheu essa profissão?
Minha mãe era costureira e ficava ouvindo o rádio. Então sempre ouvia rádio desde criança. Eu ficava encantado com aquilo, com as pessoas se comunicando, transmitindo futebol, apresentando programas e aí me apaixonei. A partir dos 4, 5 anos já ouvia.
Você já começou como narrador?
Não, comecei apresentando um programa musical para ter oportunidade de começar no rádio e depois esperar uma chance de ser narrador. Mas tinha paixão também por apresentação, programas musicais, mas meu objetivo era ser narrador. Comecei na Rádio Carajá como apresentador de Rádio Musical, ai depois montaram uma equipe de esporte e comecei fazendo reportagem, inclusive até no futebol amador, aí quando tive a oportunidade de narrar um jogo eu aceitei, tive coragem de fazer, e a partir daí eu comecei a narrar e nunca amais parei.
Quando aconteceu sua estreia no Rádio?
Estreei no dia 22 de Fevereiro de 1990, na Rádio Carajá, em Anápolis. Antes trabalhei numa agência de propaganda num terminal de ônibus, lá tinha um sistema de som e eu lia comerciais gravados e falava a hora certa. A mesma pessoa que me levou para essa agencia me prometeu me levar ao rádio, e assim aconteceu. Fiz um teste na Carajá e já fui para o ar, apresentando um programa sertanejo gravado. A gente gravava a tarde para rodar a noite. E a noite eu ficava em casa ouvindo esse programa que fazia.
Quais as rádios que você trabalhou?
Trabalhei na Rádio Carajá de Anápolis, na Rádio São Francisco, contratado pela equipe de esportes. Trabalhei também na Rádio Manchester, Rádio Difusora, TV Anhanguera, Rádio Imprensa, em 2010 vim para a 730.
Como você chegou para a 730?
Quando estava na Manchester, o Charlie Pereira me ligou algumas vezes para me contratar. Ele me procurou em 2007, mas eu estava cuidando da equipe de esportes da Rádio Manchester, e trabalhava em um programa na televisão, um Tele shopping e não teve como ir para a 730. Em 2009, a Rádio Manchester mudou de direção e me ofereceram para assumir a equipe, mas não aceitei e preferi me desligar por conta da nova política da Rádio. Nesse ano ainda eu fazia assessoria de imprensa em Anápolis e narrava jogos para a CBN. Em dezembro de 2009, o Charlie me ligou e me convidou para vir aqui na Rádio. Conversamos, deu certo, aceitei a proposta e comecei no dia 4 de Janeiro de 2010 na Rádio 730.
Em sua opinião quem é o melhor locutor do Brasil?
O Brasil tem muitos bons narradores. O melhor para mim, o que eu mais gosto de ouvir é o José Carlos Araújo.
Quais são seus referenciais na narração?
Tenho o estilo Paulista para narrar, porém com mais vibração, que é característica do Rádio Goiano. Eu ouvia o Cledi Oliveira, o Reinaldo Costa e o Osvaldo Maciel, um trio da Rádio Record. Eu sempre gostei muito de ouvir os narradores de São Paulo pela qualidade, pela educação de voz, pelo timbre e potência. Tive a oportunidade de falar com Fiori Gigliotti e ele me deu bons conselhos, foi um longo papo e isso me fez muito bem.
Qual o jogo inesquecível na sua carreira?
O 5 a 3 do Vila Nova sobre o Goiás em 1999. Até dez minutos do segundo tempo o Goiás ganhava de três a zero, foi uma virada sensacional, espetacular. É daquelas coisas que vemos só uma vez na vida. Não estava torcendo pelo Vila, não estava torcendo pelo Goiás, eu não sou torcedor de nenhum deles, torço para o futebol goiano. Mas foi um jogo inesquecível.
E qual o gol mais te marcou?
Foi um gol recente, do Lino do Atlético contra o Goiás aos 48 minutos do segundo tempo, pala final do Goianão de 2014. O Goiás ficou invicto o Campeonato inteiro e o jogo ia ate 49 minutos e o Lino fez o gol, então foi algo espetacular. Foi com certeza o gol mais emocionante que já narrei nesses 24 anos de carreira.
Seu sonho dentro do Rádio?
Meu sonho é sempre fazer ruma comunicação mais agradável, vibrante, gostosa, é aumentar cada vez mais meu publico, modernizar a comunicação e sempre levar alegria para as pessoas. Meu sonho é crescer ainda mais como narrador, levar bem estar e emoção para todos. Com isso abrir portas para executar alguns projetos de comunicação. Eu sonho, por exemplo, em ter uma rádio, em empregar pessoas, em ajudar a formar novos profissionais, e através disso, poder ser referencia e desenvolver alguns trabalhos sociais.
Você usa o famoso “Chacoalhou” no grito do gol. É importante o narrador ter esses bordões?
Isso identifica o narrador. Quando comecei a narrar futebol, praticamente todos os narradores falam somente “Gol”, eu pensava que precisava de algo que seja legal, que identifique meu gol e que seja uma referencia, para quando as pessoas ouvirem saber e dizer: “aquele é o Ronair Mendes”. E quando eu narrei alguns gols do futebol amador, antes der narrar o primeiro jogo oficial, não tinha certeza do “chacoalhou” e quando saiu o gol, eu soltei e ficou, pegou. E aí isso se tornou minha marca. Eu acho isso uma coisa legal, o narrador ter uma marca dele.
Você chega a marca de 1500 jogos narrados. Quando e como imagina que vai ser daqui mais 1500?
Imagino que, se Deus quiser, no jogo 3000 eu já esteja próximo do final da minha carreira, onde terei outros projetos, para preparar a minha saída da narração. Espero que quando estiver perto desse jogo esteja com boa saúde, coordenação motora para continuar narrando futebol, mesmo que por prazer, sem prejudicar a emissora ou ouvinte. Espero que eu tenha outros projetos empreendedores na vida pessoal e profissional, para que a narração seja uma boa lembrança.
Opinião de quem conhece!
Qual a importância de Ronair Mendes para a Rádio 730?
“Ele trouxe para a Rádio a modernidade na narração, a vibração, a capacidade de traduzir a emoção do jogo na voz do jeito que o rádio exige, sem ser pedante, sem ser personalista, sem ser abusivo. Ele não é importante só para a Rádio 730, o Ronair hoje é o principal nome da narração esportiva do Estado de Goiás, é uma escola que vários jovens narradores estão tentando seguir. O Ronair narra e entende de futebol, e transmite a qualidade ou a falta de qualidade de um lance” – Cleber Ferreira, comentarista e diretor de conteúdo da 730
“Não dá para descrever a importância do Ronair para a 730. Pelo talento, pela capacidade dele, um narrador extraordinário, brilhante, e também pelo caráter, pelo que ele representa, pela postura correta dele. Não dá para dimensionar isso. A Rádio 730 precisa sempre de uma figura como o Ronair Mendes. Ele atinge uma marca histórica, que deve ser comemorada, ele fez por onde, começou muito jovem, aliás, é jovem ainda e atinge essa marca que poucos atingem na idade dele” – Nivaldo Carvalho, comentarista e diretor administrativo e comercial da 730