A futura nova reitora da Universidade Federal de Goiás (UFG), professora Angelita Pereira de Lima, afirmou nesta quarta-feira (12), em entrevista à Sagres, que será implementado na instituição o projeto aprovado pela comunidade acadêmica de forma coletiva, e não personalizada. No entanto, após a nomeação de Angelita pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), enquanto a UFG esperava a posse da professora Sandramara Chaves, vencedora das eleições realizadas em junho 2021, será necessário fazer um novo planejamento para a reitoria.

“O projeto que foi defendido e aprovado pela comunidade universitária é o que vai ser implementado. Como? Não tenho a resposta e não poderia ter. Se eu tivesse [a resposta], é como se eu estivesse esperando que essa situação se tornasse real e não esperávamos isso. Esperávamos o curso normal, a nomeação da professora Sandramara. A partir daí temos o direito a um prazo para repensar isso”, disse Angelita.

Sandrama Chaves venceu as eleições com percentual de 64,3% dos votos. Além dela, consta na lista tríplice Angelita e a professora Karla Emanuella. Tradicionalmente, é nomeado pelo presidente da República o primeiro indicado pela lista tríplice. No entanto, a mudança de planos, por parte do governo federal, causou rebuliço na UFG.

“O governo federal está com a lista tríplice há seis meses para tomar uma decisão. Estamos há 24 horas com essa decisão tornada pública. Infelizmente não será da forma tradicionalmente como fazemos”, comentou a futura reitora.

Questionada sobre a possibilidade de nomear Sandramara como vice-reitora, Angelita não confirmou a decisão. “Existe uma Lei de que tem que ser um dos três aprovados pelo Conselho Universitário, na lista tríplice. Tudo isso será definido após o termo de posse, quando torna-se prerrogativa da reitora empossada [a escolha] do vice-reitor”, argumentou.

Repúdio

A professora Angelita Pereira de Lima iniciou a entrevista à Sagres informando que lamenta a decisão e, consequentemente, interferência do governo federal. “Quero lamentar profundamente essa página triste da história da UFG. Não podemos normalizar. Não só lamentar como denunciar que, pela primeira vez na história da Universidade, está ferida sua autonomia, sobretudo no período pós-ditadura”, declarou.

Segundo a futura reitora, a UFG realizou a consulta pública da forma correta e não, por isso, não haveria motivos para que o presidente Jair Bolsonaro não nomeasse a pessoa eleita. “Em momento algum o Conselho Universitário cometeu qualquer deslize em relação à lista tríplice. Está absolutamente correta. A Universidade cumpriu a boa prática política, fez a consulta pública, que nos fortalece democraticamente”, finalizou.

Confira a entrevista na íntegra:

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