As Nações Unidas (ONU), por meio da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), divulgaram o novo relatório “Para uma segurança alimentar e nutricional sustentável na América Latina e no Caribe em resposta à crise alimentar mundial.” O novo documento visa fortalecer a produção agrícola sustentável aliada à sistemas de proteção social.

Outro objetivo do levantamento é estender o alcance na área rural e encarar aos desafios de combater a insegurança alimentar; o aumento da pobreza extrema e apoiar a produção de alimentos na região.

O documento foi divulgado nesta terça-feira (6) em Santiago do Chile numa conferência de imprensa com a participação de José Manuel Salazar-Xirinachs, Secretário Executivo da CEPAL, Mario Lubetkin, Representante Regional da FAO para a América Latina e o Caribe, e Lola Castro, Diretora Regional do WFP para a América Latina e o Caribe.

Assista a conferencia na íntegra (em espanhol):

Segundo o relatório, o contexto internacional de crises sucessivas e a guerra na Ucrânia comprometem o acesso da América Latina e do Caribe aos alimentos e a insumos importantes para a agricultura regional.

“Crises como essa resultam em rupturas em diversas cadeias produtivas primárias e manufatureiras, seja pelo aumento das barreiras comerciais ou por disfunções no sistema de produção e transporte global de bens”, explica o relatório.

O conflito bélico na Ucrânia afetou diretamente o comércio internacional de petróleo cru, gás natural, cereais, fertilizantes e metais. Assim, o aumento dos preços da energia e dos alimentos é um dos fatores que levaram a uma redução do crescimento global em 2022.

Economia

Prevê-se que a economia mundial cresça 3,1% em 2022, 1,3 ponto percentual menos que o prognosticado antes da guerra; segundo as últimas projeções da CEPAL, o crescimento da América Latina e do Caribe será de 3,2% neste ano, mas se desacelerará para 1,4% em 2023, devido precisamente ao contexto internacional desfavorável.

O relatório aponta ainda que, a extensão da crise atual, em que convergem diversas ameaças de caráter produtivo, comercial, climático e geopolítico, não só ameaça a segurança alimentar, mas também pode levar a região e o mundo a grandes retrocessos em matéria de pobreza, desigualdade, ação climática e desenvolvimento sustentável.

Inflação

Outro problema, a inflação de alimentos aumenta o risco de problemas de acesso a uma alimentação saudável, insegurança alimentar e fome, pois afeta mais os domicílios de baixa renda.

Na região, a inflação que afeta os setores mais pobres é 1,4 ponto percentual mais alta que a correspondente aos setores mais ricos . No primeiro grupo os alimentos correspondem a mais de dois terços da inflação geral e no segundo grupo a menos da metade.

Os preços dos alimentos aumentaram mais que a inflação geral na região desde o fim de 2018 e se aceleraram a partir de maio de 2020. O índice de preços dos alimentos na região em 12 meses alcançou 1,7% em setembro de 2022, frente a 7,1% no caso da inflação geral.

Por fim, o relatório enfatiza que a complexidade e a magnitude das políticas necessárias para conciliar as respostas de emergência com a redução de problemas estruturais e fiscais demandam a coordenação em diversas áreas — macroeconômica, social e produtiva — e a articulação das respostas na região.

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