A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) divulgou nota informando que não terá recursos para pagar as mais de 200 mil bolsas destinadas a estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado, em todo o país. Os depósitos deveriam ser feitos até esta quarta-feira (7). A medida afeta quase 1,1 mil alunos que recebem bolsas em cursos de Mestrado e Doutorado da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Leia também: Estudantes goianos participam de competição de empreendedorismo na Guatemala 

Estudantes organizam uma série de atos nesta quinta-feira (8), em Goiânia. Outras mobilizações também devem acontecer em diferentes partes do país. A Capes, que é vinculada ao Ministério da Educação, citou os bloqueios impostos pelo Ministério da Economia e o decreto que zerou por completo a autorização para desembolsos financeiros durante o mês de dezembro.

Na nota, a instituição informou que sem os recursos será impossível assegurar a regularidade do funcionamento institucional da coordenação, assim como impede o “tratamento digno à ciência e a seus pesquisadores”.

O presidente da Associação de Pós-graduandas e Pós-graduandos da Universidade Federal de Goiás (APG-UFG), Léo Alves, informou em entrevista à Sagres que hoje são cerca de 1,1 mil bolsistas de cursos de pós-graduação que recebem o recurso. Para bolsa de Mestrado, o valor é de R$ 1,5 mil mensais e para Doutorado, na ordem de R$ 2,1 mil.

“Os estudantes têm como único recursos a bolsa que está defasada há 9 anos. Há uma perda no poder de compra desta bolsa. Os estudantes não terão condições de continuar com pesquisas porque precisam se alimentar, buscar suas necessidades básicas continuadas”, relatou Léo Alves.

Leia também: Investimento em jovens talentos resulta em benefícios para empresas e aprendizes

A defasagem no valor é superior a 63%. Para efeito de comparação, estudantes bolsistas da Fundação de Amparo à Pesquisa de Goiás (Fapeg) recebem para os cursos de mestrado bolsas no valor de R$ 2,1 mil e doutorado, R$ 3,1 mil.

Léo lembrou ainda que os estudantes atuam com dedicação exclusiva às pesquisas em áreas fundamentais, por exemplo, no combate à Covid-19, produções químicas, desmatamento do Cerrado, entre outras. Sem este pagamento é inviável continuar com as pesquisas. Léo chamou o bloqueio de “confisco de bolsas” e reforçou que isso traz inúmeros prejuízos aos estudantes.

Outra preocupação é quanto a manutenção administrativa em relação à permanência dos estudantes nas universidades, pois são inviabilizadas pelo novo bloqueio. Não há verba para as contas de energia, água, para os salários dos trabalhadores terceirizados, para as bolsas e para os auxílios estudantis.

Para muitos dos estudantes pesquisadores, contou Léo, a bolsa é a única fonte de renda mensal, pois no contrato assinado lhe é exigido a dedicação exclusiva e, portanto, não podem assinar carteira de trabalho.

Mobilizações

Uma série de atos devem acontecer em diferentes localidades do Brasil. Às 16h desta quinta-feira (8), integrantes de entidades estudantis pretendem se reunir em frente ao Ministério da Educação (MEC), em Brasília.

Em Goiânia, haverá mobilizações no Campus Samambaia, próximo ao Itatiaia, a partir das 8h30 no pátio da Humanidades II e no Campus Colemar Natal e Silva, no setor Leste Universitário, a partir das 14h30 na Faculdade de Educação. Marchas devem acontecer nas duas programações.

Também foi marcada uma Assembleia Extraordinária para esta quarta-feira (7), às 19h, na qual serão tratadas as mobilizações seguintes.

Hospitais Universitários

Durante reunião na última segunda-feira (5) com o grupo de transição do governo eleito, o MEC já havia dito que também não conseguirá pagar as bolsas dos cerca de 14 mil médicos residentes que trabalham em hospitais universitários federais. Ou seja, o número de afetados pode ser ainda maior.

Leia mais: