Há mais de três meses não vou à um estádio e não trabalho ali à beira do campo. De lá para cá vamos improvisando as coberturas e, por enquanto, as entrevistas por telefone ou videoconferência vem sendo a solução. Para quem estava no dia a dia de um clube e adorava assistir um treinamento, tá sendo um desafio e tanto.
Aqui em Goiânia os treinos presenciais retornaram no início do mês, por conta da pandemia, com portões fechados e sem a presença da imprensa. Mas e quando as competições começarem por aqui, como será o trabalho de reportagem? A pergunta me veio à mente após ver um vídeo da repórter Natalie Gedra, dos canais ESPN, contando os bastidores da cobertura de Tottenham x Manchester United pelo Campeonato Inglês.
Para quem está acostumado com uma zona mista repleta de entrevistas após a partida, se assustou com a entrevista ‘à distância’ através do telefone. Além disso, várias regras e recomendações precisam ser seguidas desde a entrada no estádio. Clique aqui e confira o passo a passo divulgado por Natalie Gedra.
Todavia, para não ficar somente com a experiência na Europa, recorri a um amigo que trabalhou no único jogo realizado até o momento durante a pandemia aqui no Brasil. A partida era do principal time do país e o estádio era o Maracanã, estrutura havia de sobra.
“Para a imprensa em geral foi um dia cheio de restrições. Por exemplo, não chegamos perto dos jogadores, do treinador e nem dirigentes para direcionar perguntas; não passamos pela zona mista –local que fazemos as entrevistas após o jogo. Realmente foi um primeiro contato muito interessante com esse ‘novo normal’ e me atrevo a dizer que se todos os protocolos apresentados nesse jogo forem seguidos, a chance de dar certo é muito grande. Essa primeira impressão foi positiva”, me relatou o repórter Marcos Coelho, da Rádio Tupi do Rio de Janeiro, que fez reportagem na vitória do Flamengo sobre o Bangu por 3 a 0 na última quinta-feira (18).
Clique aqui e confira o passo a passo divulgado por Marcos Coelho.
O trabalho da imprensa não foi o único a se adaptar nas primeiras experiências do retorno do futebol. Marcos chamou a atenção para outra situação. “Sem dúvidas o que mais chamou a atenção foram os gandulas. Todas as vezes que a bola sai e eles pegavam, faziam a higienização com álcool em gel para fazer a reposição para o campo”.
Mas os demais estádios do país terão condições de oferecer tal estrutura para todos os profissionais que irão trabalhar nas partidas de futebol? É difícil prever que um protocolo tão rígido seja cumprido no Brasil inteiro, principalmente pela falta de recursos financeiros.
Eu já estou curiosa para saber como será o meu novo normal no Serra Dourada, no Olímpico, no Antônio Accioly, na Serrinha e no Onésio Brasileiro Alvarenga.