Na segunda-feira (20), o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) divulgou o seu mais novo relatório. Um resumo das últimas seis publicações do painel climático da Organização das Nações Unidas (ONU), aponta urgência para impedir o aquecimento global.

De acordo com o relatório, as grandes nações devem fazer mais para manter o aumento da temperatura mundial em até 1,5°C, meta estipulada no Acordo de Paris. No atual contexto, os cenários projetam que o limite seja ultrapassado na próxima década. Ainda segundo o estudo, “os planos atuais são insuficientes para enfrentar as mudanças climáticas”.

“Ondas de calor mais intensas, chuvas mais fortes e outros eventos extremos climáticos aumentam ainda mais os riscos para a saúde humana e os ecossistemas. Quando os riscos se combinam com outros eventos adversos, como pandemias ou conflitos, eles se tornam ainda mais difíceis de administrar”, destacou o relatório.

António Guterres, secretário-geral da ONU, disse que a humanidade está sob uma camada fina de gelo que está derretendo rapidamente.

Mais coragem para mudar

A ONU cobrou atitudes mais firmes dos países para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. De forma a conter o aquecimento global, a exploração de carvão mineral, petróleo e gás natural devem cair drasticamente – até 2050, o uso de carvão precisa ser reduzido em 95%, de petróleo em 60% e de gás em 45%.

Os cientistas também pontuaram a necessidade por mais investimentos climáticos para atingir as metas. “Vivemos em um mundo diverso no qual todos têm diferentes responsabilidades e oportunidades para provocar mudanças. Alguns podem fazer muito, enquanto outros precisarão de apoio”, disse Hoesung Lee, presidente do IPCC.

Lee ainda acrescentou que “o relatório ressalta a urgência de tomar medidas mais corajosas e mostra que, se agirmos agora, ainda podemos garantir um futuro habitável para todos”.

Enquanto os governos mais ricos devem fazer mais, os reflexos do aquecimento global atingem em especial as populações mais vulneráveis. “Aqueles que menos contribuíram para a mudança climática estão sendo afetados de forma desproporcional”, frisou Aditi Mukherji, uma dos 93 autores do relatório.

A emergência climática virou uma emergência humanitária. “Quase metade da população mundial vive em regiões altamente vulneráveis às mudanças climáticas. Na última década, as mortes por enchentes, secas e tempestades foram 15 vezes maiores em regiões altamente vulneráveis”, completou a cientista indiana.

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