Para a temporada 2020, o Vila Nova apostou no jovem Ariel Mamede no seu comando técnico. Então com 30 anos, e com passagem vitoriosa pelas categorias de base do clube colorado, o treinador acabou por não cumprir a expectativa no seu retorno. Foram oito jogos oficiais em menos de dois meses de trabalho, com três vitórias, dois empates e três derrotas entre Campeonato Goiano e Copa do Brasil.

Entrevistado pelo repórter Rafael Bessa durante o programa Toque de Primeira, da Sagres 730, sobre o motivo do fracasso, Mamede destacou que “primeiro, acho que foi o momento errado para ter ido para o Vila, naquele momento pós-rebaixamento e com a mudança de diretoria, apesar de que conhecia e confiava, e confio muito, na diretoria que assumiu”. No clube anterior, “tinha um projeto e estava no meio do caminho. Talvez o melhor fosse ter esperado para depois do Campeonato Goiano pensar em uma situação como essa”.

O segundo ponto, “o erro de planejamento. Demoramos muito para poder contratar por conta da eleição, e no momento que assumimos já tinham poucas oportunidades de mercado para contratar jogadores”. Também “não tinham recursos financeiros para renovar com os jogadores que já estavam acostumados com a dificuldade que o Vila vinha vivendo, e isso faz muita diferença”.

Um exemplo é o rival Atlético Goianiense, “um time que sempre tem sequência e tem crescido cada vez mais, muito por conta da gestão e da sequência de trabalho”. A partir de então, “erros e mais erros. Erros de contratação e de montagem. O nosso time, fisicamente, não conseguiu dar a resposta que tínhamos planejado, e uma série de circunstâncias que foram acontecendo e tornando cada vez mais insustentável a continuidade”.

De qualquer forma, o retorno ao estádio Onésio Brasileiro Alvarenga “foi um grande aprendizado. Na minha visão, vejo que foi uma grande oportunidade e um grande desafio, mas que infelizmente não deu certo nem para mim, nem para o Vila. O melhor era tentarmos manter a nossa história e interromper isso o quanto antes, porque não vínhamos que mais na frente as coisas poderiam mudar”.

Jaraguá

A saída se deu no dia 22 de fevereiro, e logo na semana seguinte acertou o retorno para o Jaraguá, onde conquistou o título da Divisão de Acesso do Campeonato Goiano e conduziu o time para o acesso inédito à primeira divisão. Com Ariel Mamede, o clube do Vale do São Patrício começou goleado pelo Atlético por 5 a 0, mas depois bateu justamente o Vila Nova, por 1 a 0, empatando o último jogo antes da paralisação com a Anapolina, em 4 a 4.

Depois de mais de dois meses de inatividade e questionado sobre acreditar ainda ser o treinador do Jaraguá, Ariel afirmou que sim. “Como não temos a continuidade do futebol e não se sabe o que vai acontecer com o Campeonato Goiano, ainda me sinto treinador do Jaraguá, apesar de que no momento muito mais para desempregado do que propriamente para treinador do Jaraguá. Mas muito pela questão da pandemia, e não pelo Jaraguá, então demos uma ‘pausada’ na carreira”, destacou.

Sobre o contato com a diretoria desde então, “o primeiro ponto é que foi uma grande incógnita para todo mundo, de como seria o futuro e por quanto tempo demoraria. No início, era uma pausa de 15 dias e depois passou a ser em tempo indeterminado. A nossa a equipe foi praticamente toda desfeita e vários jogadores já pediram a rescisão. Alguns, que não pediram a rescisão, saíram em automático, porque o Jaraguá ainda não terminou de nos pagar o mês de março trabalhado”.

Segundo Mamede, “eles estão fazendo de tudo para tentar acertar esse débito que têm conosco e nos passaram uma data de até 30 de maio para tentar quitar esse débito do último mês. Temos tido esse contato bem breve e nos passaram algumas informações sobre reuniões com os outros clubes e possibilidades do que poderia vir, mas, como tudo segue indefinido, sobre futuro temos falado muito pouco”.

De qualquer forma, “já foi conversado tanto comigo quanto com o Müller (Meira, diretor de futebol) e existe a vontade da diretoria para que continuemos o projeto. Na verdade, esse projeto é bem sucedido hoje, mas ele começou em abril de 2019. Passamos durante todo esse período e mantivemos uma base e a ideia da diretoria é mais ou menos em cima disso: tentar manter uma base, renovar com alguns jogadores, mesmo que tenha que emprestar para alguns clubes, para tentarmos ter um planejamento para 2021”.

“O que trava, na verdade, é essa indefinição, tanto da federação quanto da CBF sobre como vai acontecer esse retorno ou se o campeonato vai se encerrar”, completou. Na visão do treinador, “se por acaso voltasse o campeonato estadual hoje, o Jaraguá teria que montar uma equipe praticamente toda nova, e acredito que isso também em todas as outras equipes do interior aconteceu dessa maneira. Infelizmente não vemos que essa possibilidade de retorno do Campeonato Goiano seja grande”.

No momento, “estou tentando ser o mais paciente possível e não pensar tanto no futuro, até porque não sabemos como será, principalmente para nós do futebol do interior. Antes mesmo da pandemia vinha surgindo algumas situações bem interessantes e a minha ideia era tentar ir para algum lugar para ter uma sequência, em um cenário melhor e tentar sair um pouco daqui do mercado de Goiás”.

Confira na íntegra a entrevista de Ariel Mamede à Sagres 730