Uma consideração no rastro da definição da chapa de Ronaldo Caiado (DEM) ao governo de Goiás é a de que o senador formatou uma chapa de candidatos com cheiro e DNA do ‘tempo novo’, sem qualquer identidade com a tradição do MDB.

O deputado estadual Lincoln Tejota (PROS), apresentado como vice, e o senador Wilder Morais (DEM) estão na raiz do ‘marconismo’, que é a formação de aliança liderada desde 1998 pelo ex-governador Marconi Perillo (PSDB).

Some-se a isso o fato de que o DEM de Caiado, até 2014, estava na base do governo, e a avaliação de que Jorge Kajuru não tem qualquer ligação com o MDB, tem-se então a chapa que desenha um cenário de ‘marconistas’ X ‘marconistas’, e não de oposição X ‘marconistas’.

A chapa de Caiado mostra, assim, o contrário da expectativa criada de início pelos cabalistas: a de que o democrata puxou definitivamente para ele, em especial com a presença de Kajuru no grupo, a referência como oposição, base do argumento de convencimento dos dissidentes do MDB pra atrair a militância emedebista ao projeto do senador.

Para emedebistas que conhecem bem o funcionamento da legenda, Caiado não só perde o discurso de oposição como e abre espaço a Daniel Vilela para convencer de forma definitiva a base do partido de que, com Caiado, o MDB não chega ao poder.

Chegará, sim, uma ala dissidente do ‘tempo novo’ apoiada, por sinal, por dissidentes do MDB que tem, em sua maior parte, DNA no ‘tempo novo’, com exceção do prefeito de Catalão, Adib Elias.

Neste aspecto, Daniel Vilela ganhou, além da oportunidade de motivar o MDB raiz, mais força para posicionar seu discurso de oposição verdadeira, que já vem fazendo, ao governo do Estado.

Ganhou também mais empenho de Iris Rezende, por duas razões:

1) há tempos ele enfrenta, como prefeito, oposição dura do vereador Jorge Kajuru na Câmara e não via com tranquilidade a aproximação dele com o MDB;

2) o que pegava de forma negativa contra Daniel era uma alegada proximidade dele e do pai, Maguito, com o governo. E agora?

 

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