ALEX SABINO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
– Apesar das divergências entre os clubes que negociam para formar a Libra, nova liga de clubes brasileiro, uma parte deles já conversa com o Grupo Globo sobre os direitos de transmissão do torneio a partir de 2025.

Um dos responsáveis pela redação do estatuto teve encontro com Paulo Marinho, presidente do conglomerado, e tratou sobre o interesse em comprar os jogos da Libra. O atual contrato de televisionamento, que tem a Globo como compradora, termina apenas em 2024.

A iniciativa da negociação partiu de grupo que reúne os paulistas (Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos e Red Bull Bragantino), Flamengo e Cruzeiro. O Vasco também começou a se alinhar com eles.

Existe a disposição em marcar uma reunião entre os presidentes dos times e executivos da emissora para as próximas semanas. A vontade das agremiações é fomentar a competição entre possíveis empresas interessadas e maximizar o valor. Embora tenha revisto sua estratégia de pagar caro pelos direitos de transmitir torneios esportivos, a Globo tem a manutenção do Brasileiro (e da nova liga de clubes) como prioridade.

Procurada, o Grupo Globo não se manifestou até o momento.

As conversas marcam mais um ponto de divisão entre os 40 que compõem as séries A e B do atual Campeonato Brasileiro e as tratativas para a composição da liga. Várias das outras 33 agremiações não subscreveram ou foram informadas da conversa sobre o contrato de televisionamento para 2025.

A principal questão continua sendo a divisão do dinheiro. Esse grupo insiste que os recursos da liga sejam repartidos no sistema 45+25+30. Isso significaria que 45% seriam distribuídos em partes iguais, 25% de acordo com a classificação no campeonato e 30% segundo uma série de variáveis como exposição, partidas transmitidas e presença nos estádios, entre outros fatores.

A interlocutores, dirigentes dos paulistas e Flamengo dizem estarem dispostos a levar adiante a ideia de liga de forma independente dos demais, com a certeza de que depois os concorrentes se juntariam a eles.

Os presidentes dessas agremiações, mais Cruzeiro e América-MG, assinaram o estatuto que, segundo outros cartolas ouvidos pela reportagem, não prevê a divisão do dinheiro. Ficaria a ser negociado depois.

Em reunião no último dia 3, em reunião dos 40 clubes, foi apresentado o documento, mas todos foram avisados que o texto estava pronto e não deveria ser discutido. Isso irritou profundamente a maioria dos dirigentes presentes.

O movimento “Futebol Forte”, que reúne 14 equipes, considera que a criação da liga está acontecendo de cima para baixo. Reclama que não é uma negociação, é uma imposição pretendida pelos clubes paulistas mais o Flamengo.

O temor é que depois essas agremiações essas seis agremiações vão forçar para receberem mais dinheiro do que as demais, caso a divisão não esteja estipulada em estatuto.

O “Futebol Forte” é composto por Athletico, Atlético-GO, Atlético-MG, Avaí, Ceará, Coritiba, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional e Juventude. Seus dirigentes, especialmente o mandatário do Athletico, Mario Celso Petraglia, foram os que mais contestaram os termos da reunião.

O “Futebol Forte” reivindica que a repartição dos recursos arrecadados pela liga seja no 50-25-25.
Há também a divisão entre os que acham que todas as pendências devem ser resolvidas antes da constituição formal da liga e os que querem torná-la um fato concreto e dirimir as divergências depois.