Sou apaixonado por futebol. A influência de Pelé foi decisiva. A fama do Rei do futebol me conquistou. Tornei-me fã número 1 do maior esporte do planeta.

Nasci em Mineiros, no sudoeste goiano, em 1960. Com 9 anos de idade, comecei a frequentar os estádios de futebol da cidade. Muitas das vezes escondido dos meus pais.

Inspirado no Santos de Pelé, foi fundado em Mineiros, o Santos local. Na mesma época, foi criado também o Palmeiras mineirense. Eram equipes amadoras que usavam réplica dos uniformes dos xarás paulistas. O clássico local pegava fogo. A rivalidade era gigante. O futebol praticado era de alto nível. Dava inveja em muitos clubes profissionais.

Para mim, era o melhor futebol do mundo. Tanto o Santos, quanto o Palmeiras foram campeões amadores do Estado. Quanta alegria! Como pelezista, tornei-me santista em Mineiros!

A Copa do Mundo de 1970 foi um marco na minha vida de torcedor de futebol. Em Mineiros, não tinha televisão. Acompanhei alguns jogos do Mundial do México pelo rádio de pilha do meu saudoso avô materno Antônio Carrijo Machado.

Ganhei uma nova paixão: o rádio esportivo! Foi uma combinação perfeita: futebol e rádio. Amor por toda a vida!

Leia também
Pelé nas Copas do Mundo

O Pelé disputou 4 Copas do Mundo: 1958, 1962, 1966 e 1970. Balançou as redes em todas essas edições. Foram 12 gols em 14 partidas disputadas em Mundiais. É o único tricampeão do mundo.

Logo na primeira Copa, na Suécia, em 1958, o menino prodígio arrebentou. Pelé marcou seis gols, sendo dois deles na final contra a Suécia. Tornou-se o jogador mais jovem a ser campeão mundial, com 17 anos e 249 dias.

Na Copa do Mundo de 1962, no Chile, Pelé marcou um gol. Disputou apenas uma partida e meia. Ficou fora do restante da competição devido a uma lesão muscular. Mas celebrou o bicampeonato conquistado pelo Brasil.

Em 1966, sofreu com a violência dos adversários. Na partida contra Portugal, foi atingido violentamente. Deixou o campo lesionado no tornozelo. Neste Mundial, fez mais um gol. Sem Pelé, o Brasil foi eliminado na primeira fase.

1970, no México, foi a Copa do Pelé, como tinha sido em 1958. O Rei do futebol comandou a Seleção para a mais bela das conquistas brasileiras. Pelé marcou quatro gols, sendo um na final contra a Itália, tornando-se o único jogador na história a fazer gols em duas finais de Copas. Deu seis assistências. Ajudou o Jairzinho, ‘o Furacão da Copa’ a marcar sete gols em seis jogos. Pelé foi o craque da Copa.

Todos queriam ser Pelé

Após o Mundial de 70, com a consagração de Pelé, o futebol virou uma comoção nacional. Todo garoto da minha época queria praticar o esporte. Sonhava em ser Pelé. Pelé virou símbolo do atleta perfeito.

Lembro-me da primeira bola que ganhei com o nome do Pelé. Era uma bola de plástico. Frágil e leve como um balão. Não me recordo se licenciada ou não. O certo é que a bola me encheu de alegria. Só que a alegria durou pouco. Morava no subúrbio de Mineiros, numa casa humilde, construída no sítio do meu avô. O quintal era cercado com arame farpado. No terceiro ou quarto chute que dei, a bola foi de encontro à cerca. Caiu no chão completamente murcha. Foi um chororô que durou à noite toda.

O sonho de ser cronista esportivo

Como não joguei futebol nem como Zoca, irmão de Pelé, direcionei minhas energias para outra vocação: o rádio esportivo. Alimentei o sonho de ser cronista esportivo. Tempos depois minha escolha se materializou.

Em outubro de 1979, Mineiros inaugurou a primeira estação de rádio. Por indicação do professor Antônio César Oliveira e a convite do também professor e jornalista Elias Oliveira, diretor proprietário da emissora, dei meus passos como radialista na Rádio Eldorado de Mineiros.

A realização do sonho de ver Pelé jogar presencialmente

Depois de dois anos e quatro meses na Rádio Eldorado, mudei-me para Goiânia. Já como estudante de comunicação da Universidade Federal de Goiás, vi Pelé jogar in loco pela primeira vez. Foi no dia 21 de julho de 1983, no Estádio Serra Dourada. Pelé interrompeu a aposentadoria para atuar pela seleção brasileira num amistoso contra a Seleção do Sul, em partida beneficente para ajudar às vítimas das enchentes em Santa Catarina. O Brasil perdeu por 2 a 1. O gol da seleção brasileira foi marcado por Pelé em cobrança de falta. Foi o último gol dele com a camisa amarelinha.

Foi a realização de um sonho: assistir ao jogo ao vivo presencialmente, comemorar um gol do Pelé no Serra Dourada. Foi sublime! Depois, nas tribunas do estádio, tirei uma foto com o Rei. Fiquei em estado de êxtase. A foto é dos maiores troféus da minha vida.

Viagem e entrevista com Pelé

Como cronista esportivo, fiquei frente a frente com o Rei. Em dezembro de 1989, ao lado do jornalista esportivo, hoje senador da República, Jorge Kajuru, viajei para Roma para acompanhar o sorteio dos grupos da Copa do Mundo da Itália de 1990 pela Rádio Difusora, equipe ‘Feras do Kajuru’. Em nosso voo, estavam o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e o Rei Pelé como convidado da Fifa para participar do sorteio.

Kajuru conseguiu autorização dos comissários de bordo para eu subir para a primeira classe da aeronave para falar com Pelé. Quase sem fôlego, visivelmente emocionado, iniciei a entrevista que durou quase 30 minutos. Em determinado momento, Pelé me indagou: é um especial sobre a minha vida?

Falamos de tudo: sorteio da Copa, seleção brasileira, adversários, possibilidades de conquista do Brasil, a necessidade de mudança nas leis do futebol. Muitos dos argumentos apresentados pelo Rei naquela entrevista estão nos artigos da Lei Pelé (Lei 9.615, de 24 de março de 1998). A conversa rendeu. Infelizmente, com o passar do tempo, perdi essa sonora. É uma pena!

Tive outras oportunidades de entrevistar o Pelé, mas em coletivas. Algumas vezes nas Copas do Mundo dos EUA, em 1994, e da França, em 1998. E uma outra em Goiânia, no Castro’s Park Hotel.

A vida e os recordes de Pelé

Pelé, que nasceu Edson Arantes do Nascimento, em 23 de outubro de 1940, na cidade de Três Corações, em Minas Gerais, é considerado o Rei do futebol. O jogador atingiu marcas inacreditáveis em sua carreira dentro dos gramados, mantendo vivo o seu legado com números excepcionais, títulos e recordes.

Pelé é o maior artilheiro de todos os tempos

Em toda a carreira Pelé tem 1283 gols marcados em 1363 jogos.

Pelo Santos, Pelé marcou 1091 gols em 1116 jogos.

Pelo New York Cosmos, dos Estados Unidos, anotou 64 gols.

Com a camisa da seleção brasileira, Pelé tem 77 gols oficiais em 92 partidas entre Copa do Mundo, Copa América e torneios entre seleções. Tem 64 assistências!

No entanto, a CBF contabiliza 95 gols em 113 jogos. Isso porque a Confederação Brasileira de Futebol contabiliza também tentos feitos em amistosos. Já a Fifa só leva em conta números em jogos oficiais.

O Rei do futebol é supercampeão

Só pelo Santos, Pelé conquistou 23 títulos em toda a carreira. Foram 10 campeonatos paulistas vestindo a camisa do ‘Peixe’, único time brasileiro em que jogou – em 1958, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967, 1968, 1969 e 1973. São seis títulos de Campeonatos Brasileiros (1961, 1962, 1963, 1964, 1965 e 1968), duas Libertadores (1962 e 1963), além de dois Mundiais (1962 e 1963).

Nos Estados Unidos, em sua passagem pelo Cosmos, ganhou o troféu do campeonato norte-americano de 1977.

Pela seleção brasileira, é o único tricampeão em Copas do Mundo: 1958, 1962 e 1970. Pelé foi campeão também da Taça do Atlântico, em 1960, da Copa Roca, em 1957 e 1963, da Taça Oswaldo Cruz, em 1958, 1962 e 1968, e da Taça Bernardo O’Higgins, em 1959.

O reconhecimento como maior atleta do século

Por toda a trajetória vitoriosa, Pelé é considerado o melhor jogador do século XX por vários órgãos e entidades do esporte. Em 1980, o jornal francês L’Équipe elegeu Pelé como o Atleta do Século XX em votação com a participação de jornalistas de todo o mundo. Pelé concorreu com atletas de todas as modalidades esportivas.

Em 19 de novembro 1999, o Comitê Olímpico Internacional divulgou o resultado da votação que envolveu todos os comitês olímpicos nacionais associados, que elegeu Pelé como atleta do século XX. Nesta data, Pelé comemorou 30 anos do milésimo gol da carreira feito no Maracanã, no jogo entre Santos e Vasco, vencido por 2 a 1, no dia 19 de novembro de 1969. O Rei tinha 29 anos de idade.

Em 2000, a Fifa concedeu o título de atleta do século XX ao Rei Pelé em votação realizada por membros da entidade, jornalistas e treinadores de futebol de todo o mundo.

Em 2014, a revista France Football fez uma reparação histórica do prêmio Bola de Ouro. Com a revisão da lista de premiados, Pelé ganhou sete troféus da Bola de Ouro, correspondente aos anos de 1958, 1959, 1960, 1961, 1963, 1965 e 1970.

Pelé é Patrimônio Histórico da Humanidade do Brasil. A votação envolveu mais de 300 mil pessoas e teve um total de 57 jogadores brasileiros concorrendo ao título. A eleição foi organizada pelo “Bureau Internacional de Capitais Culturais”.

Pelé é o maior recordista no futebol
  • Foi o mais Jovem Artilheiro do Campeonato Paulista, com 17 anos, em 1957
  • O Mais Jovem Campeão Mundial em 1958, na Suécia, com 17 anos
  • O Mais Jovem Bicampeão Mundial em 1962 no Chile, com 22 anos
  • O mais jovem jogador a marcar mil gols, com 29 anos
  • Maior Artilheiro da Seleção Brasileira Masculina, com 95 gols
  • Maior Artilheiro do Futebol Profissional, com 1283 gols
  • Maior número de hat-tricks (três gols no mesmo jogo): 92
  • Maior número de pokers (quatro gols num único jogo): 31
  • Único jogador tricampeão mundial, em 1958, 1962 e 1970

Por tudo isso, Pelé passou a ser o ponto referencial de excelência no esporte. O Rei Pelé deixa um legado importante para o futebol.

Como atleta, Pelé foi único, insuperável, inigualável, imortal!

Pelé será eternamente o Rei do Futebol!

Descanse em paz, meu ídolo!

Leia mais