Cerca de 1,38 milhão de toneladas de brinquedos de plástico serão produzidos no Brasil entre 2018 e 2030, é o que revelou uma pesquisa conduzida pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Química Verde, Sustentabilidade e Educação (GPQV), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a pedido do Programa Criança e Consumo, do Instituto Alana.

As embalagens dos brinquedos também fazem parte do problema, pois muitas são feitas de plástico e geram problemas ao meio ambiente pela sua rápida descartabilidade. O estudo estimou a geração de 582 mil toneladas no mesmo período no país.

Ainda segundo a pesquisa, 90% dos brinquedos do mundo são feitos a partir de materiais plásticos e muitos destes produtos contêm substâncias tóxicas para crianças.

De acordo com a diretora executiva do Instituto Alana, Isabella Henriques, a publicidade falada diretamente com a criança incentiva um consumo não refletido, uma vez que os pequenos não conseguem identificar a mensagem comercial como algo publicitário e confundem com entretenimento.

“As crianças acabam acreditando que ter determinado produto é necessário para que consigam ter amigos e se divertir em brincar”, afirma.

Isabella Henriques explica que as crianças estão sendo expostas a hábitos consumistas cada vez mais cedo e é exatamente isso que gera o consumo não refletido.

“As crianças estão aprendendo um consumo que não é consciente. Quando elas ganham um produto em um momento de impulso, dois dias depois vão querer outro brinquedo que está sendo anunciado e isso vira um ciclo”, esclarece.

De acordo com a  diretora, o Instituto Alana defende o fim de qualquer direcionamento de mensagens publicitárias para crianças inclusive dos brinquedos de plástico.

“Nós entendemos que essas mensagens comerciais deveriam ser dirigidas aos adultos que detém o poder de compra. Os pais também podem conversar com as crianças sobre qual é a melhor forma de fazer o consumo dos produtos que são anunciados”, esclarece.

Isabella ainda ressalta que a legislação no Brasil proíbe o direcionamento de mensagens publicitárias para crianças, mas essa lei muitas vezes não é respeitada. “Infelizmente o que nós vemos todos os dias é uma avalanche de comerciais voltados a elas”, disse.

Confira a entrevista com Isabella Henriques no Tom Maior #71