Goiás tem se destacado como um dos polos de pesquisa sobre o uso do bambu no Brasil. Mais do que um simples ingrediente exótico, o broto da planta vem sendo explorado por suas diversas aplicações — da alimentação à geração de energia — por uma rede formada por pesquisadores, produtores rurais e artesãos. Um dos integrantes da iniciativa é o pesquisador Rogério Almeida, da Rede Bambu Goiás, que esteve recentemente em entrevista no programa Tom Maior para falar sobre o trabalho desenvolvido.
“A Rede Bambu Goiás é constituída basicamente por pesquisadores, produtores rurais e artesãos que trabalham com bambu. O nosso objetivo é a estruturação de uma cadeia produtiva do bambu no estado de Goiás, o que ainda não existe”, explicou Rogério. Segundo ele, a planta é extremamente versátil e está presente na história da humanidade há séculos. “A primeira lâmpada elétrica de Thomas Edison usava filamento de bambu carbonizado. O 14 Bis, de Santos Dumont, também tinha estrutura de bambu”, exemplificou.
Um dos focos da rede é mostrar o potencial do bambu como fonte de energia sustentável. “É uma fonte totalmente renovável. Você planta uma vez e colhe o bambu todos os anos, ao contrário do eucalipto, que precisa ser replantado. Ele é mais rápido, mais produtivo e tem poder calorífico semelhante ao do eucalipto”, destacou o pesquisador.
Além do uso energético, o bambu também tem ganhado espaço na alimentação, especialmente por meio do broto, muito consumido em países asiáticos e que começa a conquistar o paladar dos brasileiros. “O broto de bambu é rico em minerais, proteínas, fibras alimentares e não tem gordura. É um alimento completamente saudável”, explicou Rogério.
Com o objetivo de ampliar o acesso da população às possibilidades culinárias do bambu, a Rede Bambu Goiás lançou um livro com 20 receitas testadas e aprovadas, incluindo opções doces e salgadas. “As pessoas perguntavam: o que posso fazer com o broto de bambu? Descobrimos que ele pode substituir o palmito em várias receitas. E mais: pode ser usado em receitas doces também”, contou.
Uma das novidades apresentadas no e-book é o doce de leite com broto de bambu. “Você faz o doce de leite normalmente e, perto de terminar, adiciona o bambu picado. Ele traz uma crocância maravilhosa ao doce. É algo surpreendente”, disse Rogério.
Para quem quiser experimentar, o preparo do broto exige apenas cuidados simples. “Você precisa cortar o broto ainda jovem, quando está tenro, e depois ferver até tirar o sabor amargo. Essa substância é tóxica, como na mandioca brava, mas é facilmente eliminada com o cozimento correto”, orientou o pesquisador.
O livro de receitas está disponível gratuitamente na revista Agro UFG News, publicação eletrônica da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás. “É só procurar pela revista e acessar a edição do terceiro ano, onde está a matéria sobre o e-book com o link para baixar o PDF”, explicou.
Além de ser uma alternativa saudável e saborosa, o bambu pode se tornar também fonte de renda para pequenos produtores. “Você pode colher o broto, fazer conservas e vender. É uma forma de aproveitar o bambu que já existe no seu quintal e transformar em alimento ou em negócio”, concluiu Rogério.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem-Estar
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