Pesquisadores do  IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas encontraram antas na Caatinga após realizarem expedições em 2023, 2024 e 2025. Os estudiosos fazem parte da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB), projeto do IPÊ, que buscava vestígios e relatos do animal no bioma e conseguiu confirmar a sua presença.

A última expedição ocorreu durante 24 dias do mês de março deste ano e localizou populações da anta brasileira em áreas do norte de Minas Gerais, oeste da Bahia e sul do Piauí. Um resultado que reavalia a classificação de 2012, quando declararam o animal extinto na Caatinga com base em dados escassos da época. 

“Na época, houve uma avaliação nacional e outra por biomas. Os especialistas presentes, eu inclusa, classificaram a anta como ‘Regionalmente Extinta’ na Caatinga, com base nos poucos dados disponíveis. Desde então, refletimos muito sobre essa decisão, tomada com informações tão limitadas. Foi aí que surgiu o desejo de percorrer a Caatinga em busca de dados mais concretos sobre o passado e o presente da anta na região”, contou Patrícia Medici, coordenadora da INCAB-IPÊ.

Patrícia Medici (Foto: Raquel Alves)

Revisão da extinção local

A descoberta das populações em três estados se tornou um marco importante para a conservação da espécie ameaçada. Juntamente com porcos-do-mato e veados, a anta faz parte do Plano de Ação Nacional (PAN) para Ungulados Ameaçados de Extinção, que terá o segundo ciclo neste ano, e levanta dados que contribuem com a conservação das espécies.

Além disso, os dados são fundamentais para os status dessas espécies na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas elaborada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A lista será reavaliada em 2025 e o INCAB-IPÊ vai contribuir com dados na Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal.

Assim, o status da anta agora pode ser revisado e o animal removido da categoria ‘localmente extinta’ na Caatinga. 

Pegadas são vestígios das antas (Foto: Raquel Alves)

“Uma extinção local é sempre uma situação muito grave para qualquer espécie. Declínios populacionais e extinções locais indicam sérios riscos ao estado de conservação de uma espécie. As evidências que reunimos nas expedições de 2023, 2024 e 2025 são robustas e mostram que a anta ainda existe na Caatinga. Sabemos que houve importantes declínios populacionais, mas tudo indica que a anta nunca foi extinta por completo na região”, contou Patrícia.

Ainda ameaçada

Os vestígios que indicaram a presença da anta obtidos por vídeo e armadilha fotográfica. Então, para os pesquisadores, o resultado corrige os dados escassos de 13 anos atrás e valida de forma definitiva que a anta vive ainda na Caatinga.  

Mas a descoberta mostrou que a espécie vive ameaçada nas áreas dos três estados. A expedição identificou ameaça de caça, queimadas e crise climática.

*Com CicloVivo

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 15 – Vida terrestre.

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