Foto: Assessoria / Polícia Civil

A Polícia Civil do Estado de Goiás deflagrou nesta quinta-feira (12) a Operação Metástase, que investiga a existência de uma organização criminosa, com a participação dos sócios do Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (INGOH) e outros profissionais, antigos servidores do Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo). De acordo com a PC-GO, a investigação mostra uma “nítida” divisão de tarefas direcionadas à estruturação e execução de um “esquema fraudulento” de desvios milionários de recursos da instituição pública.

Segundo as informações da PC-GO, foi apurado um superfaturamento, por meio da criação e utilização de “auditor robô”, responsável pela auditoria automática das contas do INGOH, o que resultava na ausência de glosas (bloqueio de valores indevidos), auditorias volumosas de contas do INGOH efetivadas por auditores do Ipasgo que mantinham vínculo com o Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia e criação e utilização da empresas terceirizadas para a relização das auditorias fraudulentas com influência direta dos membros da antiga cúpula do Ipasgo sobre os sócios da empresa.

Além disso, a operação constatou que o desconto de 15% previsto no regime de credenciamento especial do INGOH, somado à desproporcionalidade da tabela de medicamentos oncológicos, não eram aplicados. O levantamento preliminar dos valores públicos apropriados indevidamente pela organização criminosa, soma uma quantia de mais de R$ 50 milhões. De acordo com Polícia Civil, a investigação confirmou também que a morte de Alexandre Francisco de Abreu se deu devido ao tratamento criminoso recebido no INGOH.

A operação foi coordenada pelo Grupo Especial de Combate à Corrupção (Geccor), teve 19 alvos de busca e apreensão. Cerca de 160 policiais civis, entre delegados, agentes, escrivães, e peritos criminais participaram da ação. O nome da operação “Metástase” é em razão do efeito semelhante ao câncer quando se espalha no organismo é a corrupção no Setor Público.

Confira a lista das irregularidades encontradas pela investigação:

  • Criação e utilização de auditor robô, responsável pela auditoria automática das contas do INGOH, fato que resultava na ausência de glosas (bloqueio de valores indevidos);
  • Auditorias volumosas de contas do INGOH efetivadas por auditores do Ipasgo que mantinham vínculo com o Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia;
  • Criação e utilização da empresas terceirizadas para a execução das auditorias fraudulentas com influência direta dos membros da antiga cúpula do Ipasgo sobre os sócios da empresa;
  • Inaplicabilidade do desconto de 15% (quinze por cento) previsto no regime de credenciamento especial do INGOH, somado à desproporcionalidade da tabela de medicamentos oncológicos;
  • Ausência quase que absoluta (percentual de 0,19%) de glosas nas contas do INGOH durante do período de credenciamento oncológico especial;
  • Pagamento indevido de taxa de uso de sala do Ipasgo ao INGOH de medicamentos por via oral, intramuscular ou subcutâneo;
  • Pagamento do Ipasgo de medicação quimioterápica sobre frasco cheio ao INGOH, em detrimentos às demais clínicas oncológicas que recebiam por fração utilizada do medicamento;
  • Estabelecimento de subdosagem, ou o estabelecimento de medicações de custo baixo com cobrança de medicamentos de referência, além do agrupamento de pacientes para tratamentos.
  • Prescrição e aplicação de tratamento quimioterápico inadequado com objetivo de angariar vantagem indevida.

Em nota o Instituto de Assistência dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo) afirmou que apoia o andamento da Operação Metástase, da Polícia Civil do Estado de Goiás, que investiga um esquema criminoso que ocorria no órgão nas gestões passadas. Segundo a nota, os primeiros indícios de fraudes e desvios apareceram em auditoria promovida pela atual gestão do Ipasgo, cujos dados foram reportados à Controladoria Geral do Estado. 

De acordo com o órgão, a nova gestão do instituto esclarece que, desde o início do ano, atuou para fortalecer as medidas de transparência e o combate à corrupção e que tem apoiado de forma “incondicional” o andamento das operações da Polícia Civil e todas as informações solicitadas pelos órgãos de controle, como Controladoria Geral do Estado e Ministério Público, e pela Secretaria de Segurança Pública, estão sendo fornecidas. 

Também por meio de nota, o Ingoh informa que “manifesta sua total tranquilidade com a operação policial de buscas promovida pela investigação nominada como Operação Metástase, especialmente porque vem colaborando permanentemente com as investigações, tendo se posicionado junto ao GAECO/MP-GO, em documento formal, pela abertura de todos os documentos, sistemas e fontes de dados e informações do instituto e seus diretores para quaisquer busca de informações de interesse da investigação policial” e que está certo de que “ficará comprovado que o Instituto não tem qualquer envolvimento com os supostos atos de ilegalidades praticados junto ao IPASGO”.

Confira a nota do Ipasgo na íntegra

“NOTA IPASGO – OPERAÇÃO METÁSTASE 

O Instituto de Assistência dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo) apoia o andamento da Operação Metástase, da Polícia Civil do Estado de Goiás, que investiga um esquema criminoso que ocorria no órgão nas gestões passadas. Os primeiros indícios de fraudes e desvios apareceram em auditoria promovida pela atual gestão do Ipasgo, cujos dados foram reportados à Controladoria Geral do Estado.

O Ipasgo informa que espera que todos os fatos relativos a tais denúncias sejam adequadamente apurados. A nova gestão do instituto esclarece que, desde o início do ano, atuou para fortalecer as medidas de transparência e o combate à corrupção.

O instituto tem apoiado de forma incondicional o andamento das operações da Polícia Civil e todas as informações solicitadas pelos órgãos de controle, como Controladoria Geral do Estado e Ministério Público, e pela Secretaria de Segurança Pública, estão sendo fornecidas.

Ao longo deste ano, a nova gestão do Ipasgo informa que tem trabalhado para avançar nas ações de controle e para regularizar a situação financeira do instituto. Neste período, foram pagas as dívidas deixadas pelos governos anteriores com a rede credenciada, que chegavam a quase R$ 500 milhões. Após esta etapa, os pagamentos para empresas e profissionais credenciados ao Ipasgo foram regularizados e as datas de quitações foram unificadas pela primeira vez na história do plano.

A rede credenciada foi ampliada e novos serviços de saúde passaram a ser oferecidos em várias regiões do Estado, como Entorno do Distrito Federal, região metropolitana e oeste goiano. Em Aparecida, a nova gestão inaugurou a primeira unidade do projeto Ipasgo Clínicas, que agora oferece pronto atendimento 24 horas para crianças e programa saúde da mulher.”

Confira a nota do Ingoh na íntegra

“O Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia manifesta sua total tranquilidade com a operação policial de buscas promovida pela investigação nominada como Operação Metástase, especialmente porque vem colaborando permanentemente com as investigações, tendo se posicionado junto ao GAECO/MP-GO, em documento formal, pela abertura de todos os documentos, sistemas e fontes de dados e informações do instituto e seus diretores para quaisquer busca de informações de interesse da investigação policial.

É de total interesse do INGOH a restauração da verdade, confiante nos métodos e na ética da empresa que construiu credibilidade e respeitabilidade em 50 anos de atuação no mercado goiano, nunca tendo se envolvido com atividades irregulares.

O INGOH está certo que logo, através das investigações da Polícia, Ministério Público e da atuação do Judiciário, ficará comprovado que o Instituto não tem qualquer envolvimento com os supostos atos de ilegalidades praticados junto ao IPASGO.

À imprensa informamos a nossa postura de transparência e pleno compromisso com a verdade, solicitando compreensão pela necessidade circunstancial de nomear como porta-voz do INGOH o advogado Iure de Castro que apresentará novos posicionamentos e esclarecimentos necessários.”

Atualizada às 16h43