Em entrevista ao jornal Tribuna do Planalto, empresário José Batista Júnior diz que tentará unir forças antagônicas de Goiás: PMDB e PSDB   O empresário José Batista Júnior (PTB), conhecido popularmente como Júnior do Friboi, quer tentar unir duas forças antagônicas em Goiás: PMDB e PSDB. Ele garante que tentará o entendimento entre o senador Marconi Perillo (PSDB) e o prefeito Iris Rezende (PMDB), para as eleições do próximo ano, “pelo bem do Estado”.   “Se Iris e Marconi se enfrentarem, pode me procurar que eu vou estar bem longe, no Colorado, em Aspen, tomando vinho e esquiando”, disse em tom de brincadeira.    O empresário viria a Goiânia na quinta-feira (8), mas, a agenda apertada acabou adiando a viagem. Por telefone, de São Paulo, ele conversou com a Tribuna por um longo tempo. Com uma simplicidade incomum para alguém com tanto prestígio, Júnior não se absteve de responder às questões e curiosidades da reportagem – que não foram poucas.    Pergunta que não quer calar O que faz um homem tão bem sucedido como ele desejar entrar para a política? Ponderado, Júnior argumenta que não se trata simplesmente de entrar para a política, mas de retribuir tudo o que o Estado lhe proporcionou. Segundo ele, a vontade de ajudar Goiás e o país foram determinantes para a filiação partidária.   Aliás, apesar da simplicidade e do jeito descontraído de falar, o discurso do empresário já é de político. Bem articulado, Júnior demonstrou que, mesmo de longe, tem acompanhado cada passo do jogo da sucessão no Estado. E, entre uma pergunta e outra, fez questão de reforçar que a guerra deflagrada entre tucanos, pepistas e peemedebistas só tende a atrapalhar o debate eleitoral em Goiás.   Na opinião dele, as trocas de farpas entre governistas e oposicionistas vai gerar desgastes a todos e as discussões não trarão nenhum benefício ao Estado.   Paz Como entrar num confronto sem partir para o ataque? Só há uma forma: buscando o consenso. Essa é a proposta de Júnior do Friboi. No meio da guerra, o petebista prega a paz.   Durante a conversa, o empresário deixou transparecer que acredita realmente na união das lideranças políticas de Goiás em prol de um projeto único que vise o desenvolvimento do Estado. A amizade que nutre por Iris, Marconi e pelo governador Alcides Rodrigues (PP) o levam a crer no desprendimento de todos a ponto de abrirem mão da candidatura própria por um projeto maior que as ambições individuais de cada um.   Júnior não afirma com todas as letras que poderia encabeçar esse projeto, mas para bom entendedor meia palavra basta: o entusiasmo com que defende essa tese levam a crer que ele acredita mesmo nessa possibilidade e sonha em ser o candidato de consenso, ungido por todos.   Obstáculos Porém, o próprio empresário admite que é muito difícil pensar num cenário de sucessão sem o senador Marconi Perillo – único candidato ao governo definido até agora. O tucano só tem a ganhar com esta postulação. Mesmo que saia derrotado do próximo pleito, sua vaga no Senado estará lá, esperando por ele, por mais quatro anos. Sem contar a visibilidade que terá ao longo da campanha, além, é claro, da determinação que o senador tem de retomar o comando do Palácio das Esmeraldas. Com base nesse simples dado já é possível perceber o quanto esse consenso será difícil de construir.   E o PMDB, seria empecilho para um possível acordão? “Iris não tem tempo para perder, não deve deixar a prefeitura e correr o risco de ficar sem mandato”, afirma Júnior. E o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (PMDB)? “Se ele ficar em Goiás, deve ser candidato ao Senado”, conclui. Embora acredite que Iris deve continuar no Paço Municipal e Meirelles deve tentar uma vaga de senador, Júnior não arrisca um palpite sobre o futuro do PMDB.   Ciente da dificuldade de tirar Marconi do páreo, e sem ter clareza de como caminhará o PMDB para 2010, o petebista pesa os prós e contras, estuda formas de se viabilizar, mas deve mesmo compor com o tucano. Afinal, Friboi mira na vice para acertar o governo. Sonha alto. Tão alto que sua simplicidade não consegue esconder o tamanho e a ousadia de seus sonhos.   Trato Após o sucesso no mundo empresarial, Júnior quer se destacar na política. Os termos do acordo para uma possível parceria com Marconi são muito claros: caso vença as eleições, o tucano deve deixar o governo antes do fim do mandato para que o petebista assuma o comando do Executivo estadual.   Segundo Júnior, ele vai analisar o projeto do senador e só vai sair na vice “se for uma via de mão dupla”. Isso significa que, se o empresário topar a composição, é porque houve um acordo com Marconi e ele demonstrou disposição em abrir espaço ao petebista. O problema é que os próprios políticos admitem que acordo em política é como nuvem, muda a cada segundo. Se as palavras serão cumpridas, portanto, já outra história.   Hoje a relação entre Júnior e Marconi é de mão dupla: o empresário sabe que tem muito a ganhar com essa aliança e que o PTB aposta suas fichas em seu nome para a composição com o PSDB. Em contrapartida, tanto o senador quanto seu aliado, o deputado Jovair Arantes, presidente estadual do PTB, conhecem o desejo do empresário de comandar o governo estadual. As cartas estão na mesa. Os três são bons jogadores. Resta saber se tem alguém blefando nesse jogo.   Júnior buscará pepistas Vice dos sonhos do senador Marconi Perillo, Júnior do Friboi vai buscar o apoio do partido do governador Alcides Rodrigues (PP) para a chapa marconista. Segundo ele, a composição PP-PMDB é muito difícil de construir e há, ainda, clima para reconciliação entre os partidos da base. “Mesmo que o PP tenha candidato, no segundo turno acredito que eles ficariam com o PSDB”, defende.   Mais uma vez, Júnior aposta suas fichas no bom relacionamento que nutre com todos os partidos para tentar construir uma forte aliança para 2010. E, além disso, ele conta com a possibilidade de assumir o governo e tornar-se candidato em 2014. “Há uma expectativa de eu ser vice e depois candidato, e eles poderiam ficar comigo amanhã”, argumenta. A tática do petebista para atrair o PP é tentar mostrar aos pepistas que ele pode representar uma perspectiva de poder num pleito futuro.   Se ele conseguir mostrar aos governistas que pode conduzir o diálogo com o PSDB sem que haja retaliações, pode ser que o PP, de fato, apoie a candidatura marconista. Nas bases, há uma predisposição de apoio a Marconi, já que o PP ainda não tem candidato definido à sucessão de Alcides. Na cúpula é que a composição com os tucanos parece pouco provável.   Júnior do Friboi pode ser a arma de Marconi para atrair não só o PP, mas também dois de seus desafetos: os deputados e presidentes de partidos, Ronaldo Caiado (DEM) e Sandro Mabel (PR). Afinal, ele tem afinidades com ambos: além de representar o segmento empresarial, representa o agronegócio.      Fonte: Jornal Tribuna do Planalto / Anapaula Hoekveld