Como ainda estamos na campanha do Setembro Amarelo, no programa desta semana acolhemos os enlutados pelo suicídio. Afinal, como fica a vida dos familiares e amigos dos que se foram? Quais os sentimentos, dores e situações que eles vivem, e como podemos ser mais competentes no auxílio de quem está passando por este momento?

Acredito que mais importante do que a situação que vivemos é a significação que damos a esta situação. Nossa entrevistada desta semana foi a Terezinha Maximo, uma mulher corajosa e ativa, que mesmo sendo enlutada pelo suicídio de sua filha caçula, em meio ao turbilhão de sentimentos, vem encontrando forças e transformando sua dor em ações de apoio a quem também vive o mesmo luto. Ela e o companheiro Joseval Maximo criaram o Blog e o Grupo de Apoio aos Sobreviventes Enlutados pelo Suicídio (No M’oblidis), e esta semana, juntamente com outros grupos, criaram uma associação de apoio aos enlutados pelo suicídio. Terezinha também é autora do livro Pequeno Dicionário do Luto.

A minha primeira pergunta foi sobre o que é posvenção do suicídio, um termo ainda incomum. Resumindo, a posvenção é um tratamento, um apoio a quem perdeu um familiar ou amigo para o suicídio, uma forma de controlar a dor e ajudar a seguir em frente.

Quem perde uma pessoa querida para o suicídio sobre com um turbilhão de pensamentos. Culpa, desnorteamento e falta de perspectiva são alguns deles. Raiva, medo e desespero também são frequentes. Terezinha encontrou na escrita a sua terapia, pois considera que este é um luto solitário, no qual quem está de fora não consegue entender. Desta escrita saiu o blog e as demais ações de apoio e compartilhamento de experiências sobre este fenômeno.

Terezinha conta que muita gente não está preparada para conversar com quem está em luto pelo suicídio. Ela enumera frases como “Deus quis assim”, “ela está melhor onde está agora”, ou mesmo “ela fez por que quis” para exemplificar que, mesmo com a melhor das intenções, é preciso tomar cuidado, pois o suicídio é fruto de transtornos que o suicidado sofre e que lhe retiram boa parte do discernimento. “Ela não tinha como escolher”, recorda a mãe.

Mas há formas de ajudar. O mais importante apoio é escutar, estar presente, ficar próximo, ajudar nas coisas básicas do dia a dia, estar disponível para dar amparo. Este tipo de atitude ajuda muito a fazer com que a pessoa sobrevivente não se isole e sofra ainda mais.

O blog e o grupo de apoio criados por Terezinha têm essa finalidade de dar suporte e apoio a quem passa por uma perda tão grande. A pandemia fez com que os encontros se tornassem online, e isso fez aumentar o alcance das ações. Neste mês de setembro, foi criada a Associação Brasileira de Sobreviventes Enlutados pelo Suicídio (Abrases), com o propósito de levar informação e apoio a quem precisa. Quem quiser conhecer mais pode acessar o blog https://nomoblidis.com.br/ ou ir ao instagram e procurar por @nomoblidis1. O site da Abrases está quase pronto e, em breve, estará ativo na internet.

Para quem está se perguntando, “no m’oblidis” significa “não me esqueça”, em catalão.

Terezinha termina nossa conversa com um conselho para quem vive o luto por alguém que se matou: “você não está sozinho. Existem lugares de escuta onde podemos entender o que é o luto, o que é o suicídio, e tentar levar a vida adiante. É preciso ter esperança e saber que fizemos tudo o que podíamos dentro das nossas capacidades”. Se você conhece alguém nessa situação, dê apoio e indique este programa. Ajudar alguém nesta situação pode mudar a vida de uma pessoa.

Assista ao programa completo!

Temas abordados

O que é a posvenção do Suicídio?

O que passa na cabeça de quem perdeu alguém para o suicídio?

O que não dizer a um enlutado pelo suicídio

Como dar apoio a um sobrevivente enlutado?

Do luto à ação: apoio aos sobreviventes enlutados pelo suicídio

Um conselho de uma sobrevivente enlutada pelo suicídio