O preço da carne finalmente começou a dar sinais de que pode abaixar nos próximos dias e trazer um alívio ao bolso do consumidor. No entanto, essa queda nos valores ainda não chegou nos lares dos goianos.
Em entrevista à Sagres TV, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas do Estado de Goiás (Sindiaçougue), Silvio Carlos Yassunaga, explicou que a redução se deve à incidência de dois casos da doença da vaca louca, um no interior de Minas Gerais e outro no Mato Grosso, o que fez com que as exportações para a China, grande comprador do produto brasileiro, fossem interrompidas.
Confira a entrevista a partir de 14 minutos:
“Havia a previsão de que em alguns dias as exportações retornariam, são atitudes de protocolos que são realizados, mas isso já ocorre há mais de 30, 40 dias, e essas exportações ainda não retornaram. Isso fez com que os estoques que estavam já preparados para exportação da China ficassem retidos nos frigoríficos, o que ocasionou, sim, uma queda também em todo o processo de compra e venda. Por isso, hoje estamos com uma oferta bem acima do que era há meses aqui para o mercado interno”, afirmou Silvio Carlos.
Segundo o presidente do Sindiaçougue, embora a queda nos preços ainda não tenha refletido na mesa dos goianos, já é possível observar a redução em alguns estabelecimentos, um alívio no bolso em torno de 10% a 12%.
“Um exemplo é a carne de primeira, como alcatra e contrafilé, que nós vendíamos a R$ 44,90. Hoje encontramos a R$ 39,90. A carne de segunda também não é diferente. Chegamos a vender R$ 32,90, hoje estamos vendendo acém e músculo a R$ 29,90”, comentou.
Yassunaga ainda reforçou que a pesquisa é a melhor maneira de o cidadão conseguir economizar, sem deixar de prezar pela qualidade do produto. “Hoje há muitas promoções acontecendo em função dessas baixas. A gente consegue ter uma melhor negociação com fornecedores em virtude da oferta estar melhor. Mas é preciso sempre se preocupar com a qualidade desse produto. É importante fazer pesquisa, procurar um preço melhor, mas sempre com muita atenção na qualidade do produto e do serviço oferecido”, recomendou.
O analista de Mercado do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Marcelo Penha, argumentou que a queda no consumo de carne bovina por conta da alta nos preços já gerava prejuízos aos açougues e fornecedores.
“A gente tinha um consumo per capita de carne bovina em torno de 40 quilos e, hoje, está em torno de 28 a 30 quilos per capita. Caiu em razão das exportações, o mercado se adequa a quem paga mais pelo preço da carne, e o mercado externo estava pagando bem. Esse ajuste do preço da carne mais baixo, se esse valor chegar ao consumidor, consequentemente, vai acelerar o consumo da carne bovina que pode ajustar esse equilíbrio entre produção e consumo interno também”, concluiu Marcelo Penha.