Diferente de equipes gaúchas e mineiras, que aos poucos voltam aos treinos, o retorno das atividades de futebol em Goiás ainda é considerado incerto. Sem uma previsão para os campeonatos começarem, também há um debate sobre a relevância de treinamentos individuais nas estruturas dos clubes. Entre tantas dúvidas, como preparar os atletas?

Por isso, a Sagres 730 durante essa semana no programa Toque de Primeira, com o repórter Rafael Bessa, buscou as opiniões dos responsáveis em condicionar fisicamente os jogadores dos clubes goianos. No Goiás, o preparador físico Alexandre Lopes, que faz parte da equipe do treinador Ney Franco, tem procurado usar a tecnologia para tentar minimizar os efeitos causados pela quarentena.

Alexandre detalhou que “já passamos por algumas fases. Uma primeira em março, quando tínhamos um pensamento caso as coisas não se agravassem, mas ocorreu a quarentena, e ainda estamos com as restrições, então tivemos uma programação até o dia 2 e depois até o dia 11. Agora optamos por fazer um contato individual com os atletas. Temos um trabalho do grupo, que todos recebem, e durante o dia passo estudando e vendo as situações, porque tudo que está acontecendo é um muito novo”.

Acerca da cartilha de treinos, “essa semana gravei um vídeo para eles, com cerca de 40 minutos, falando a respeito da situação e daquilo que acreditamos ser mais importante nesse momento de estar executando. Temos realidades completamente diferentes, de jogadores que estão em seu sítio ou fazenda, que têm campo de futebol e academia, então dispõem de uma estrutura muito boa. E temos casos de atletas, principalmente os estrangeiros, que permaneceram em Goiânia, e os recursos são menores”.

O preparador físico esmeraldino observou que “entre quarentena, férias e o prazo do último jogo já se passaram mais tempo do que das férias (de dezembro) que tiveram”. Embora sem uma data definida para o retorno de treinos e jogos, os trabalhos foram intensificados no Goiás. Antes as atividades aconteciam três vezes por semana, mas agora são pelo menos cinco.

Sobre o tempo hábil para preparar os jogadores para as competições, Alexandre ressaltou que “isso é motivo de uma discussão grande no meio acadêmico e científico. Se fosse um período em que todos voltassem juntos para o treinamento, penso que seria uma condição melhor, que já executamos na pré-temporada normalmente. Só que teremos um trabalho diferente: são trabalhos individuais que podem durar 7, 10 ou 14 dias. Você trabalhar os atletas de forma isolada, como eles já vêm fazendo treinando em casa, e estender isso de uma maneira mais controlada por 7 ou 14 dias, é uma pequena parte do que é futebol”.

“A ação do futebol depende de comunicação, decisão e execução. As partes técnica, tática e física têm que se comunicar, elas trabalham juntas. Nesses 7 ou 14 dias, os atletas irão fazer só a parte física e uma parte da parte técnica, não terá muita tomada de decisão e comunicação, só irão executar movimentos que iremos estar determinando. Sozinho, ele não vai ter como optar por um giro, um passe ou um deslocamento que envolve um jogo de futebol. Por isso, penso que vamos precisar, de forma ideal, por volta de 28 dias aproximadamente para voltarmos ao ritmo normal de treinamento”, acrescentou.

Alexandre fez a ressalva de que esse tempo necessário não seja respeitado e usou como exemplo que “já regulamentaram cinco substituições. Vi algumas pessoas falando que ‘isso será bom, porque poderemos fazer uma pressão mais alta, rápida e por mais tempo’, mas como vão voltar esses atletas, com menos de 28 dias, para fazer jogos? No Goiás, temos uma base do que está sendo executado, mas não podemos atropelar o processo de voltar com 15 dias, porque queremos voltar com a segurança de que os atletas possam desempenhar bem a função que eles têm, que exige muito”.

Confira na íntegra a entrevista de Alexandre Lopes, do Goiás, e dos preparadores físicos de Atlético Goianiense e Vila Nova