Diferente de equipes gaúchas e mineiras, que aos poucos voltam aos treinos, o retorno das atividades de futebol em Goiás ainda é considerado incerto. Sem uma previsão para os campeonatos começarem, também há um debate sobre a relevância de treinamentos individuais nas estruturas dos clubes. Entre tantas dúvidas, como preparar os atletas?

Por isso, a Sagres 730 durante essa semana no programa Toque de Primeira, com o repórter Rafael Bessa, buscou as opiniões dos responsáveis em condicionar fisicamente os jogadores dos clubes goianos. No Atlético Goianiense, o preparador físico Jorge Sotter, da equipe permanente da comissão técnica rubro-negra, está ansioso para voltar ao trabalho de campo.

Sotter ressaltou que “a nossa profissão é prática e dentro de campo, onde você tem o contato direto com o atleta. Nesse momento de pandemia, com todo mundo em casa, estamos tentando fazer o melhor e cobrando ao máximo esses atletas, mas sabendo que a dificuldade é muito grande. Estamos monitorando, eles levaram uma cartilha e todo final de semana revisamos para a semana seguinte”.

Segundo o preparador físico atleticano, “os atletas são profissionais bastante dedicados e esse grupo foi escolhido a dedo, então eles tem respondido bem e sabemos que eles treinam e fazem o que é pedido”. O profissional, porém, fez a ressalva de que o trabalho de home office “não é a mesma coisa de estar no campo, no dia a dia e no trabalho com bola, então é uma perda que teremos que recuperar lá na frente”.

Como o presidente rubro-negro Adson Batista destacou, “já estamos prontos para voltar. Os atletas querem trabalhar e o clube já preparou todo um protocolo para a volta, que a CBF impõe e solicita. O nosso trabalho é em campo aberto, então não vejo muita dificuldade ou perigo dessa pandemia atingir os atletas. Tudo o que a CBF colocou para poder voltar, o Atlético já está pronto para fazer e torcemos para que volte o mais rápido possível”.

Líder do Campeonato Goiano e vitorioso no primeiro jogo da terceira da Copa do Brasil contra o São José-RS, a parada para o Atlético “foi muito ruim, estávamos em um momento muito bom, tanto no aspecto físico, quanto técnico. A equipe estava bem e motivada, víamos evolução a cada dia e jogo e fizemos uma excelente pré-temporada. O resultado é que estávamos mantendo uma performance muito boa no estadual e na Copa do Brasil”.

Para garantir os atletas em boa condição na volta das competições, Sotter afirmou o tempo necessário seria de “três semanas, sabendo que nos primeiros jogos com as pernas ‘pesadas’ e os jogadores ainda ‘travados’. Mas acredito que consigamos pelo menos um desempenho de 70%, até porque o grupo é bem profissional, vem realizando bem os seus trabalhos diários e pela forma que se apresentaram nesses 40 dias de campeonato antes da parada”.

Sobre o procedimento com o retorno dos atletas, “vamos fazer uma avaliação para saber como andam as valências físicas, a parte aeróbica, anaeróbica, de potência muscular e de força. O grande problema nisso tudo é a perda da massa muscular, porque só exercícios utilizando o peso do corpo, na minha opinião, não tem ganho de massa muscular. Você mantém um certo nível de força, mas precisa de peso e carga externa para fazer esse trabalho, e em casa não tem essa condição”.

“Eles fazem os trabalhos funcionais, que são importantes para a manutenção física e para evoluir em outras qualidades, mas o futebol precisa de força, velocidade e potência. Não tem jeito, você terá perda sim, e terá que dar uma ênfase muito grande na volta para recuperar essa perda da massa muscular para que o atleta possa ter o mínimo de condição para começar a participar de competição de alto nível, como é a Série A”, completou.

Confira na íntegra a entrevista de Jorge Sotter, do Atlético Goianiense, e dos preparadores físicos de Goiás e Vila Nova