Última aparição do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, foi em 12 de março (Foto: Jorge Torres/EFE/Direitor Reservados)

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, passou mais de um mês sem aparecer publicamente. Sua última aparição pública foi no dia 12 de março e sua ausência gerou muitas especulações no país sobre o seu estado de saúde. Rumores de que Ortega estaria doente, possivelmente contaminado pelo novo coronavírus, e até morto, correram o país.

Em seu pronunciamento desta quinta-feira (16) estavam presentes a sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, e sua equipe de ministros. Ninguém usava máscaras. Durante o anúncio, Ortega afirmou que a Nicarágua tem um bom sistema de saúde gratuito e está preparada para lidar com o novo coronavírus.

Apesar das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o regime de Ortega não determinou o fechamento de escolas e comércios, não fechou as fronteiras, não proibiu a entrada de estrangeiros (como fizeram países vizinhos), nem adotou medidas de isolamento ou distanciamento físico. Ao contrário, o governo defende a continuidade da vida normal.

Durante a Semana Santa deste ano, os nicaraguenses foram às ruas para os tradicionais festejos e procissões, formando aglomerações e ignorando, inclusive, as orientações do Papa Francisco sobre a necessidade de isolamento físico durante a pandemia.

De acordo com as informações oficiais, a Nicarágua registra, até o momento, nove casos de contaminação e uma morte. No entanto, Rosario Murillo, responsável por fazer os anú ncios sobre a evolução da doença no país, é acusada por jornalistas nicaraguenses de manipular os dados, excluindo do cálculo as pessoas infectadas que já se recuperaram, divulgando estatísticas confusas.

Em seu discurso, Ortega afirmou que, desde que foi declarada a pandemia, no dia 11 de março, a Nicarágua registrou 1.237 mortes, sendo apenas uma de covid-19.

“Apenas uma pessoa (falecida) por coronavírus. As outras pessoas falecidas, homens, mulheres, crianças, falecidos por tumores malignos, por doenças renais, infarto, hipertensão, acidentes de trânsito, acidentes vasculares cerebrais, cirrose hepática, asfixia neonatal, mal formação congênita, suicídios, afogamentos, mortes por HIV também”.

O país tem 6,5 milhões de habitantes e faz fronteira com Honduras e Costa Rica. Honduras registra até o momento 426 casos da Covid-19 e 35 mortes. Costa Rica tem 626 infectados e 4 mortos.

“Essa pandemia, esse vírus que parece ter se multiplicado por todo o planeta, não há força alguma que possa bloqueá-lo, não há barreira alguma que possa bloqueá-lo, não há muro e os países em desenvolvimento são os mais expostos, os mais vulneráveis a essa pandemia”, disse Ortega.

O presidente afirmou que os Estados Unidos, “sendo a maior potência militar e econômica da história da humanidade, não tem capacidade para dar resposta a seus cidadãos nas grandes cidades”. E disse que na Nicarágua enfrentaremos a pandemia “com os nossos recursos limitados, com muita paciência, disciplina e abnegação dos trabalhadores da saúde, com muita participação cidadã”.

“Somos um país com um povo trabalhador e graças a Deus com terras que o povo sabe cultivar muito bem e que sabe desenvolver a pecuária. Esse é um povo que não vai morrer de fome. O importante é que aqui seguimos trabalhando e respeitando as normas de maneira muito consciente e disciplinada”.

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