É situação mais comum, sempre que chegam as rodadas decisivas e um time depende de outro resultado, surgirem os boatos sobre a famosa mala branca, incentivo para outro time vencer, e a mala preta, para o time “entregar”. O assunto é tão delicado que poucos abordam isso com naturalidade, mas dessa vez aconteceu e sem qualquer “vergonha”: o Vila ofereceu R$30 mil para a Anapolina derrotar o Grêmio Anápolis.

A confirmação veio da boca do próprio presidente da Anapolina, Leandro Ribeiro. Antes do duelo começar no Jonas Duarte, o mandatário teve uma conversa gravada com o repórter Juliano Moreira, da 730, onde confirma o valor e o contato do diretor de futebol do Vila, Newton Ferreira, com o capitão da equipe da Rubra, Viola. Após o jogo, o jogador confirmou a ligação e a oferta financeira. 

“Ele me ligou na sexta-feira comentando sobre o dinheiro e eu falei que a gente ia fazer de tudo pra ganhar, porque a gente iria inteirar três vitórias, e isso seria bom para dar mais moral na semifinal. Infelizmente, perdemos o jogo, mas não é culpa nossa se o time está nessa situação. No começo do campeonato, o time frisado para cair era o nosso, a gente ouvia e com humildade, demos a volta por cima”, explicou o jogador.

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Viola, que se movimentou bastante na partida do Jonas Duarte, garantiu que o time entrou com a mesma vontade de sempre e queria vencer para se dar bem na classificação final. Experiente e rodado no cenário nacional, Viola garantiu que já ganhou tal benefício em outros clubes e que a tal “mala-branca” é algo normal para ele.

“Isso é o que mais tem no futebol. Eu estou no futebol há muito tempo e já recebi dinheiro de vários outros times, isso é uma coisa normal. Coisa atípica é um time oferecer dinheiro para você perder e acho que nenhum jogador tá passando fome aqui na Anapolina para virem oferecer dinheiro. A gente encara isso com naturalidade”, ressaltou o artilheiro.

Punição?

O ex-presidente do Goiás e advogado conceituado na área do direito desportiva, o Dr. João Bosco Luz viu toda a situação como ilegal e explicou que a situação pode parar no Tribunal de Justiça Desportiva do Estado de Goiás (TJD-GO), desde que a Procuradoria denuncie a situação. João Bosco destacou que viu a situação como algo lamentável no futebol goiano.

“É um fato lamentável, acho que foi um deslize do Leandro. Realmente, isso pode trazer sérias consequências. O código não fala em prometer vantagem para perder ou para ganhar, fala em prometer vantagens e obter esse resultado. Então, realmente não é permitido você oferecer qualquer vantagem para qualquer clube, seja para perder ou ganhar. Isso pode instaurar um procedimento administrativo, depende da Procuradoria do TJD”