A cidade se acostumou aos elogios por sua qualidade de vida e o fato foi se exaurindo, até restar muito pouco.
O goianiense que depende do transporte coletivo vive a tortura de currais, o aperto dos ônibus, o atraso. O que anda de carro é sufocado pelo trânsito caótico, a falta de estacionamento e o excesso de vigiadores. Quem prefere pedalar ou ir a pé é atropelado ou enche os pulmões com a descarga dos veículos desregulados.
O goianiense empreendedor é desestimulado pelas vistas grossas das autoridades quanto aos sonegadores. O lojista paga aluguel, obrigações trabalhistas e a maior carga tributária do mundo. Na sua calçada são colocadas bancas de camelôs com pirataria, contrabando, descaminho e outros frutos de crimes. O camelô vai ao Paraguai e à China. O comerciante vai à falência.
O goianiense que deseja tranquilidade fica em casa com a família e é atormentado pela poluição sonora. O que sai para se divertir é assaltado. E a Polícia Militar prefere torrar 5 milhões de reais na construção de órgãos burocráticos.
O goianiense paga IPTU com aumento e sua rua é fechada para uma das mil feiras autorizadas ou toleradas pela prefeitura.
O goianiense não aguenta mais tanto estresse e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente instala imensos outdoors luminosos, atrapalhando o trânsito.
O goianiense não suporta mais o calor e os órgãos ambientais liberam a construção de shopping dentro de córregos, a extração de areia na Avenida T-7, a captação de esgoto sem qualquer tratamento.
Enfim, o goianiense perdeu o orgulho de ser… goianiense. A demagogia dos políticos os desvirtua e eles autorizam tudo. Como não consegue mudar as coisas, o goianiense está pegando as suas coisas e mudando. Não de vida, mas de Goiânia. Vai de vez para Senador Canedo, Aparecida, Trindade, Goianira, Inhumas, Caturaí, Terezópolis, enfim, para qualquer lugar em que haja um mínimo de respeito por sua cidadania.