A qualidade nutricional e a sustentabilidade da produção estão entre as novas demandas da alimentação, anteriormente baseada em calorias. No entanto, a alimentação está atualmente envolta em questões atuais do mundo como as mudanças climáticas e as desigualdades. Portanto, Ricardo Abramovay, professor da Cátedra Josué de Castro, aponta a necessidade de diversificar a agropecuária e a alimentação para superar a fome no mundo.

Superar a fome é o ODS 2 – Fome zero e agricultura sustentável da Agenda 2030 estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU). O mundo produz alimentos em larga escala baseado em sistemas de monocultura. Mas, explicou Abramovay, essa “monotonia agroalimentar” é um dos fatores que mais afetam o meio ambiente.

“Grandes campos de soja, trigo, arroz foram muito importantes desde os anos 60 para aumentar a oferta agropecuária e para reduzir a fome, mas isso trouxe consequências muito graves para o meio ambiente e para as pessoas”, afirmou o professor. Segundo Abramovay, a produção agropecuária contribui para a destruição de biodiversidade, por causa da homogeneização das paisagens, e com as emissões de gases do efeito estufa.

Mudar o sistema

Ricardo Abramovay é professor da Cátedra Josué de Castro, que pertence à Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. A entidade produz conhecimento sobre sistemas alimentares. O professor frisou que para superar a fome será necessário mudar o atual sistema de produção de alimentos.

“Para superar a fome é preciso mudar o sistema instalado. E essa mudança tem como vetor fundamental a diversidade e a luta pela diversificação tanto da agropecuária como da alimentação”, afirmou. Ricardo Abramovay argumentou que o meio de produção de grandes monoculturas não condizem com as demandas ambientais e climáticas do século 21.

“O regime de produção agroalimentar é fundamentado na monotonia não apenas produtiva, mas alimentar também, e a mudança deve perpassar ambas as áreas globalmente”, declarou. Então, o docente da USP defendeu a mudança do modelo e considerou o importante papel de destaque do Brasil no processo.

“O Brasil pode ter um papel muito importante nessa mudança. A Amazônia é a região do mundo que apresenta a maior biodiversidade, com um potencial extraordinário de oferta de novos produtos que podem contrabalançar essa monotonia atual”, apontou.

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