Um equipamento produzido pelas Universidades Federais de Goiás (UFG), Sergipe (UFS), Maranhão (UFMA) e de Santa Catarina (UFSC) pode auxiliar profissionais de saúde no atendimento a pacientes com insuficiência respiratória, principalmente em tempos de pandemia de Covid-19. É o que explica o professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UFG, Roberto da Piedade Francisco, em entrevista ao Sagres em Tom Maior #114 nesta quarta-feira (7).

“Automatizar, com todos os cuidados, para evitar que os agentes de saúde precisem ficar bombeando por horas a fio o chamado ambu, quando há suporte ventilatório inicial para pacientes, situações complicadas em hospitais pela falta de ventiladores convencionais”, afirma.

O professor da UFG, Roberto da Piedade Francisco (Foto: Sagres TV)

Apesar de moderno, o reanimador, denominado “Vita”, não é capaz de atuar em pacientes com estágios avançados de deficiência respiratórias. “É apenas o primeiro combate. Uma vez que ele possa futuramente ser utilizado em campo, poderá ser utilizado em pequenas cidades, pequenas unidades hospitalares, ambulâncias”, esclarece.

O Vita ainda não é certificado pela Agência Nacional de Saúde (ANS), e está em fase de testes na faculdade de Medicina da UFS. Agora, segundo o professor, o próximo passo é adquirir a certificação e fazer com que o projeto chegue a empresas capazes de produzir o aparelho em massa, de forma a reduzir os custos. Só então poderá ser utilizado em unidades de saúde.

“Ele ficou em torno de R$ 2,5 mil. Agora, se observarmos a possibilidade de produção em massa, e com o aperfeiçoamento do próprio equipamento, ele poderá ter um valor em torno de 30% a 40% menor”, calcula.

Confira a entrevista na íntegra a seguir no STM #114

Saiba mais sobre o projeto

O projeto FASTEN Vita é uma iniciativa de mais de 40 pesquisadores de 12 universidades brasileiras para oferecer produtos de fabricação rápida a fim de combater os efeitos da pandemia da COVID-19. Os produtos são inspirados em projetos de propriedade intelectual aberta, que são adaptados/aperfeiçoados considerando a realidade brasileira, e ajustados para permitir fabricação rápida e descentralizada. Na próxima, terça-feira, 6 de outubro, às 14 horas, os pesquisadores responsáveis pela iniciativa na Universidade Federal de Goiás vão apresentar o reanimador montado na instituição. A apresentação será no prédio da Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação (EMC), no Câmpus Samambaia.

As peças para montagem dos produtos são construídas por impressoras 3D, máquinas de corte a laser ou de usinagem, que podem ser cedidas voluntariamente por pessoas físicas, empresas ou laboratórios. Assim, multiplicam-se as localidades em que os produtos podem ser fabricados. Quando estas máquinas se conectam à rede FASTEN Vita podem receber diretamente do servidor da rede tarefas para executar. Além de despachar as tarefas, o servidor também otimiza a distribuição geográfica entre os pontos de fabricação, permitindo atender mais rapidamente às demandas regionais. Desta forma, ganha-se tempo fabricando os produtos nos locais mais próximos de onde eles são necessários, e pela adesão dos voluntários, ganha-se também escala. Essa produção em escala é possível devido à plataforma de Internet das Coisas (IoT) desenvolvida no contexto do projeto FASTEN, projeto que aborda a manufatura aditiva no contexto da Indústria 4.0. A plataforma IoT habilita então uma “linha de produção” ou “fábricas virtuais” para a fabricação dos produtos nos mais diversos pontos do país.

O projeto tem engajamento social, já que produtos podem ser fabricados com material de fácil acesso e não requerem treinamento complexo de pessoal, podendo ser rapidamente incorporados em linhas de produção de pequenas empresas, o que pode auxiliar a movimentação da economia local.

Exemplos de produtos oferecidos pelo projeto: Protetores faciais (face shields), Máscara de ventilação não invasiva – Spirandi, Cabines de Isolamento, cabines de desinfecção de máscaras N95 por radiação ultravioleta (UV) e o reanimador automatizado Vita Pneuma. Este último é decorrente de uma iniciativa portuguesa, o projeto PNEUMA desenvolvido pelo INESCTEC.

Para potencializar a resposta do projeto é preciso adesão de interessados em multiplicar as localidades em que os produtos podem ser fabricados. Todos podem ajudar fazendo doações: em material para fabricação, em dinheiro e até na forma de tempo para ajudar o voluntariado. Para se juntar ao projeto, clique aqui.