Em entrevista à Rádio Sagres 730 nesta terça-feira (12), o secretário de Infraestrutura de Goiânia, Luiz Bittencourt, afirmou que a retomada das obras do BRT Norte-Sul no trecho da Praça Cívica, depende de adequações solicitadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Segundo Bittencourt, os trabalhos no trecho estão parados desde setembro do ano passado.

“Nós estamos parados por conta de um bloqueio do Iphan, inclusive por questões que já haviam sido discutidas e resolvidas e voltaram novamente à tona. É importante dizer que essa obra ficou paralisada por quase um ano por questões também apresentadas pelo Iphan. Toda a pista já está concluída. Falta o trecho que vai dos Correios, na Vila Brasília, até o Terminal Cruzeiro Sul”, afirmou Luiz.

Segundo o secretário, a intenção é continuar preparando as estações de embarque do corredor do BRT. “Mesmo que não seja autorizada a retomada das obras na Praça Cívica, nós vamos colocar em operação os veículos para circularem nesse eixo que já está pronto. Nós não podemos esperar mais. (…) O pavimento já está totalmente concluído, faltando apenas o contorno da Praça Cívica e o trecho das ruas 3 e 1 (Centro)”.

Confira a entrevista na íntegra:

O Sagres Online entrou em contato com o Iphan, que por meio da assessoria de imprensa afirmou que não há obra paralisada pelo órgão federal. O que existe, de acordo com o instituto, é uma solicitação de um relatório técnico indicando alternativa de compactação da via com menor vibração e menor impacto aos prédios e monumentos históricos no entorno da Avenida Goiás e Praça Cívica. 

“O setor central é a região que o Iphan tem maior preocupação quanto a essas intervenções, uma vez que nela se concentram prédios das décadas de 30 e 40 com estruturas fragilizadas devido ao passar dos anos, não estando preparadas para resistir a certos impactos.  No avançar das obras do BRT na Av. Goiás entre a Rua 82 e Rua 1 (em ambos os lados), houve um desplacamento de um elemento artístico da Torre do Relógio. As trepidações causadas pelos maquinários pesados podem ter contribuído para o agravamento do estado de conservação do bem, que hoje está em obras de restauração pelo Iphan”, afirmou a nota.

Segundo o Iphan, para o início das obras especificadamente em torno da Praça Cívica, a Prefeitura não apresentou a complementação da documentação solicitada em agosto de 2020 pelo Iphan e também não sinalizou o início das obras no referido trecho, o que deveria ter sido feito na gestão de Iris Rezende.

Como parte da obra, o Iphan também solicitou para a Prefeitura de Goiânia a abertura de processo para o licenciamento ambiental de toda área afetada. “Trata-se de uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente causadoras de impacto ao meio ambiente, sendo esta não solicitada no período correto pela Prefeitura”, complementou a nota. O ofício foi assinado eletronicamente em agosto de 2020.

O Sagres Online voltou a falar com o secretário que quis complementar a resposta da entrevista ao Sinal Aberto na manhã de hoje. “Existem vários conflitos que impedem o avanço da obra no trecho. Um deles é o Iphan. Mas temos ainda discussões sobre o tamanho da estação, detalhes do acesso das plataformas”.

De qualquer forma, segundo Bittencourt, todas as solicitações ainda em aberto por parte do Iphan serão seguidas. “Só vamos retomar os trabalhos quando estivermos alinhados com o Iphan e sem mais nenhum questionamento”. Ele não deu prazo para que as adequações sejam feitas.

O Sagres Online tentou contato com o ex-secretário de infraestrutura de Goiânia, Dolzonan Matos, que recebeu as recomendações do Iphan no ano passado, mas as ligações não foram atendidas.