No quadro final do programa Tom Maior da Sagres TV, da última segunda-feira (23), a literatura ganhou destaque com a participação da escritora catarinense Pat Müller, autora do romance “Memórias em Papel Timbrado”. Em entrevista, ela compartilhou a origem da obra, que mistura romance, autodescoberta e esperança.
A história do livro gira em torno de Paula, uma jovem rica que abandona a vida urbana em São Paulo para comprar uma fazenda no interior de Santa Catarina — sem jamais ter visto uma vaca de perto. A partir desse cenário inusitado, a protagonista tenta se adaptar à vida rural e encontra, entre tropeços e descobertas, uma nova forma de enxergar a si mesma e o amor.
“Ela escreve cartas para o futuro marido, sem conhecê-lo e sem saber que ele está mais perto do que ela imagina, inclusive mais irritante do que ela esperava”, explicou a autora, em tom bem-humorado. A ideia das cartas surgiu de uma vivência pessoal.
Pat contou que, após se formar em Engenharia Ambiental, realizou o sonho de infância de morar na Amazônia para trabalhar como pesquisadora. Apesar da realização profissional, o afastamento da família e da terra natal fez nascer a saudade — e foi aí que a escrita entrou como forma de cura.
“Comecei a escrever para aplacar essa saudade. Foi quando também conheci os romances cristãos da Robin Jones Gunn, em que a personagem escreve cartas para o futuro marido. Aquilo me inspirou muito e descobri que muitas meninas fazem isso. Então, levei isso para o livro”, relatou.
Apesar das cartas, o romance é narrado em terceira pessoa, o que dá um toque de mistério à obra. “A gente só descobre quem está contando a história no final do livro”, revelou a autora. Mais do que uma história de amor, Memórias em Papel Timbrado trata de sentimentos universais como medo, esperança e fé.
“A Paula vem de uma família muito conturbada, em que o amor parecia algo destrutivo. Mas ela aprende, com a amizade e com a fé, que é possível construir uma nova trajetória. Ela descobre que não precisa ser autossuficiente, que pode aceitar ajuda, e isso transforma completamente a forma como ela vive”, afirmou.
Pat também compartilhou o papel transformador da escrita em sua vida. Mesmo tendo seguido carreira acadêmica — com mestrado em Ciências Ambientais —, ela revelou que a literatura sempre esteve presente como válvula de escape e meio de expressão.
“Eu esquecia os problemas quando escrevia. Via meus dilemas nos personagens e conseguia resolvê-los ali. A escrita me ajudou a organizar os pensamentos, a me entender melhor. Hoje, não consigo me ver longe disso”, confidenciou. A autora também publicou o livro de fantasia “As estrelas sempre brilham acima das nuvens escuras”, inspirado na perda de seu avô.
A história traz elementos mágicos como viagem no tempo com guarda-chuva encantado, mostrando a liberdade criativa que a escrita lhe proporciona. “Enquanto no laboratório tudo tinha roteiro, a escrita me dava asas. E isso, para mim, é sensacional”, concluiu.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade
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