A cidade foi tomada por bandidos e o fato está insuportável. O prefeito Paulo Garcia está longe, literalmente, de cumprir sua parte na defesa da sociedade e o governo federal faz de conta que não é com ele. Sobrou para Marconi Perillo que, enfim, reage. Nesta quarta-feira, o govenador promoveu 228 policiais militares que trabalharam no episódio do césio 137. Quem deve indenizar as vítimas da radiação é a União.

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Outro lançamento de Marconi foi a Ronda de Quarteirão, inspirada em modelo da Colômbia. Na teoria, 105 motos vão percorrer as ruas de Goiânia inibindo a ação de bandidos. É o típico programa festivo para aumentar a sensação de segurança, não para resolver problema de criminalidade. Os delitos mais graves cometidos em Goiás advêm do tráfico de drogas. Aquelas motoquinhas vão provocar risos, não medo nos traficantes. Até craqueiro noiado sabe a diferença entre pirotecnia e vontade real de implantar medidas sérias.

As motinhas furrecas vão concorrer com os carrões dos marginais. Patrulha das ruas deveria ser em carros potentes e blindados, com equipamentos completos para ação. Como foi apresentada, só falta a ronda incluir na indumentária dos policiais um apito para avisar aos moradores quando virem o carro da pamonha, pamonha de sal, pamonha de doce, pamonha apimentada, todas elas com queijo. As outras serventias serão encher a paciência de aposentado que está vendo a Sessão da Tarde e acordar menino que a mãe acaba de pôr para dormir.

A Secretaria de Segurança dispõe das estatísticas e conhece as causas, os autores, os lugares, os horários. Exemplo: as motoquinhas fariam algum efeito se circulassem das 8 da noite às 6 da manhã em todos os bairros de todas as cidades da Grande Goiânia. Basta um PM na moto, pois o trabalho deve ser integrado: se a ronda vir alguém suspeito, comunica à Rotam, ao Giro ou a outro batalhão especializado.

Resolver efetivamente os problemas de segurança inclui barrar drogas nas fronteiras nacionais e estaduais. Investir em ciência e inteligência. Ter a coragem de unificar as polícias. Transformar a PM com desmilitarização, fim dos quartéis, 100% do efetivo na atividade-fim e incorporação dos bombeiros, que como corporação seria municipalizada. Além, claro, de o governo federal fazer a sua parte, criando fundo nacional de segurança e assumindo a política penitenciária. O resto é como as motoquinhas e os uniformes chamativos: só pirotecnia.