O ex-atacante Roni, preso pela Polícia Civil do Distrito Fereral na tarde do último sábado (25) no Estádio Mané Garrincha, durante o jogo Botafogo e Palmeiras, foi ouvido neste domingo pelos investigadores da PCDF e solto. O ex-vilanovense, atualmente empresário foi detido em uma das etapas da Operação Episkyros – que apura fraudes nos boletins financeiros de em jogos de futebol. A empresa Roni7, de propriedade do ex – jogador, foi a responsável pela realização de pelo menos 20 jogos em Brasília entre 2015 e 2019. De acordo com a polícia, pelo menos quatro jogos mostram indícios de irregularidades.
Além de Roni, também foram presos no sábado e liberados na noite deste domingo após interrogatório, o presidente da Federação de Futebol do Distrito Federal, Daniel Vasconcelos; Leandro Brito, sócio de Roni; Rogério Meireles, responsável financeiro da Roni7; um homem identificado como Caio; além de um outro que foi detido em casa, no Distrito Federal.
Segundo Leonardo de Castro, um dos delegados da operação Episkyros, as investigações acontecem desde 2017 e partiram de uma notícia crime para o Ministério Público. A operação de sábado, também contou com o apoio da Polícia Civil do Estado de Goiás.
“As investigações continuam na tentativa de abocanhar mais provas contra o esquema criminoso. Foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão, sendo seis no DF; dois em Luziânia; 11 em Goiânia; sete mandados de prisão temporária. Quanto as buscas, no estádio, foram apreendidos computadores com o material da venda de ingressos no estádio, inclusive, um banco de dados com contas relacionadas no borderô do jogo, um objeto de prova bastante importante para a investigação. Também foram apreendidos ingressos. Quanto as buscas fora do estádio, além de computadores pessoais, chamou a atenção também a apreensão de uma arma e foi realizada a prisão em flagrante do presidente da Federação de Futebol do Distrito Federal, encontrada na casa dele. Além disso, em uma das empresas em Goiânia, foi apreendido o valor de R$ 100 mil em dinheiro e até que se consiga explicar a origem deste dinheiro, vai ficar à disposição da justiça”, detalhou o delegado.
De acordo com o delegado Leonardo de Castro, em entrevistas com pessoas que participaram da organização do jogo de sábado e funcionários de outras federações pra onde eles levavam os jogos, muitas vezes era notada esta diferença de público presente nos estádios com o público declarado no borderô.
“Isso ficou claro em um jogo ocorrido no dia 7 de fevereiro em Londrina, no estádio do Café, entre Corinthians e Ferroviário, pela Copa do Brasil. Notamos na transmissão, que o narrador, quando saiu o público, disse que era impossível, pois o estádio estava lotado, e o divulgado era, apenas, um terço da capacidade do estádio”, explicou.
Ricardo Gurgel, outro delegado responsável pela operação, destacou que a renda bruta dos jogos é a base de cálculo para a cobrança dos impostos, e que esses valores eram fraudados.
“Neste primeiro momento, acreditamos que, além da União e do Estado, federações regionais também podem ter sido lesadas com a fraude. Uma vez que impostos como o INSS, Imposto de Renda, ISS, o aluguel do estádio e demais taxas são baseados no público e rendimento dos jogos. Números esses que podem ter sido fraudados”, ressaltou o delegado Ricardo Gurgel, que destacou que os envolvidos agiam de duas formas.
“Eles trabalhavam de duas formas: informando um público menor do que realmente estava no estádio, e outra, aumentando o número de ingressos de cortesias, o que também atingiria o valor da arrecadação total. Como o ingresso de cortesia não é pago, você diminuindo o valor da arrecadação total, também diminuiria o cálculo para cobrança dos impostos”
Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, os envolvidos devem responder por crimes de estelionato majorado, associação criminosa, falsidade ideológica e sonegação fiscal.