Nas últimas semanas, a Guerra da Ucrânia tem sido marcada, de um lado, pela ocupação de áreas pelos russos e, de outro lado, pela retomada de parte desses territórios pelos ucranianos. Em meio a esse “vai e vem”, ocorreram, no último sábado (8), explosões na Ponte Kerch, única a ligar a península da Crimeia e as forças russas.

“Sem dúvida, o impacto é o recrudescimento do conflito. Com 19,2 quilômetros de extensão, a Ponte do Estreito de Kerch é vital para o envio de suprimentos russos para a Guerra na Ucrânia. Apesar dos danos causados à estrutura, o tráfego foi restaurado rapidamente”, explicou o historiador e professor de geopolítica, Norberto Salomão.

Depois da explosão na Ponte de Kerch, na segunda-feira (10) a Rússia iniciou uma pesada contraofensiva à Ucrânia, com pesados bombardeios sobre várias cidades do país. Uma grande quantidade de mísseis russos atingiu a capital Kiev e outras importantes cidades longe do front de combate. Segundo as mídias russas, entre 150 e 200 mísseis foram lançados simultaneamente.

“A ação é uma clara retaliação pela explosão provocada pela Ucrânia à Ponte de Kerch. Além disso, a Ucrânia sofreu um massivo ataque hacker, com várias cidades do país ficando sem acesso à internet. Kiev voltou a ser fortemente bombardeada. Foi uma das piores investidas contra a capital ucraniana desde o começo da guerra”, destacou Norberto.

Foram 14 civis mortos e 97 feridos. Moscou atacou ainda outras cidades grandes do país, indicando uma nova fase de escalada do conflito, que já dura sete meses e meio. Na terça (11), um ataque russo contra um mercado na cidade de Avdiivka, perto da linha de frente em Donetsk, no leste da Ucrânia, deixou nove mortos, segundo o governador ucraniano da região, Pavlo Kyrylenko.

Nesta quinta-feira (13), a Rússia lançou três drones “kamikazes” (drones do modelo Shahed-136) contra os arredores de Kiev, segundo afirmação do governo ucraniano.

“A aeronave não tripulada, de fabricação iraniana e que se destrói ao ser lançada contra seus alvos, tem sido utilizada pela Rússia nas últimas semanas como forma de resistir à contraofensiva da Ucrânia para recuperar seus territórios”, ressaltou o professor.

Em meio ao agravamento da crise com a Rússia, a Otan, aliança militar liderada pelos Estados Unidos, anunciou que manterá seu treinamento anual de guerra nuclear. O G7, grupo das sete economias mais desenvolvidas entre as democracias, reuniu-se a pedido de Kiev para discutir o aumento de envio de armas mais sofisticadas para deter os russos. Promessas foram feitas, e o clube disse que o eventual uso de armas nucleares por Moscou encontrará uma “resposta firme”.

  1. “Não há dúvida de que o presidente russo está sob pressão, pois seus planos iniciais em relação ao domínio russo sobre áreas da Ucrânia, que deveria ser bem rápido, foram frustrados. Apesar de tudo isso, Putin é um obstinado em estabelecer a Rússia como protagonista no plano geopolítico mundial e não abrirá mão de seus planos de se opor à força das potências ocidentais e da Otan”, pontuou o historiador.

“Putin faz um jogo muito arriscado, ele busca evitar o confronto direto com o ocidente, mas ao mesmo tempo está preparado para isso e acena com a possibilidade de utilizar armas nucleares. A verdade é que o líder russo está disposto a bancar essa guerra até seus pontos mais extremos e arriscados”, finalizou Norberto.

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