Uma noite de sono tranquila é indispensável para todas as pessoas. Porém, a julgar pelas estatísticas, dormir bem é um privilégio de poucos brasileiros. Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com o Instituto do Sono, revelou que 76% dos entrevistados sofre com pelo menos uma queixa sobre este assunto, e uma delas é a apneia do sono.

O psiquiatra especialista em Sono, Fábio Aurélio Costa Leite, explica que a pandemia e os novos comportamentos, principalmente de pessoas que passaram a levar uma vida mais sedentária, contribuíram para essa estatística levantada pela pesquisa.

“A pandemia deixou a população extremamente tensa por conta das perdas familiares, materiais, financeiras, algumas perdas até de relacionamentos, ficaram afastadas. Na quarentena, muita gente ficou ociosa, sedentária, parou de fazer atividade física, deixou de ter seus afazeres e seus movimentos anteriores praticamente limitados, ficou em casa e acabou comendo mais. Isso levou a sobrepeso e problemas como a apneia do sono. O paciente passa a roncar, ter dificuldade de respirar enquanto dorme, em alguns momentos para de respirar. A principal causa é o ganho de peso”, afirma.

A apneia do sono é caracterizada por ruídos e interrupções na respiração que se repetem, no mínimo, cinco vezes em um período de 60 minutos. Não se trata de um simples ronco. Na apneia, a barulheira noturna é entrecortada por engasgos — e o duro é que muitas vezes o indivíduo nem os percebe enquanto dorme.

O especialista explica ainda que existe grande diferença entre hipopneia e apneia do sono. “A passagem do ar é impedida na faringe porque o ar não consegue vencer o obstáculo, e a nasofaringe fica parcialmente fechada e em alguns momentos completamente fechada. Então, a hipopneia seria uma diminuição de 50% do fluxo do ar para os pulmões e a apneia seria a parada completa da respiração, que pode durar alguns segundos. Nesse período, o paciente praticamente não respira enquanto dorme e, às vezes, acorda porque faz uma respiração forçada, uma espécie de mecanismo de defesa para não ficar sem respirar”, destaca.

Sintomas e tratamento

Dor de cabeça pela manhã, fadiga durante o dia e boca seca ao acordar, já que passa a respirar pela boca por causa da apneia podem ser sintomas da doença. De acordo com Fábio Leite, já que a pessoa que sofre de apneia não perceba, é preciso que a companheira ou companheiro constate os sinais e peça ajuda médica. “O paciente que ronca é um forte candidato a ter apneia do sono. Não necessariamente vai ter, mas é um risco bem maior do que aqueles que não roncam”, conclui.

O tratamento costuma incluir mudanças no estilo de vida, como perda de peso, e o uso de um dispositivo de assistência respiratória durante a noite, como um aparelho de pressão positiva contínua nas vias aéreas, o CPAP.

O psiquiatra especialista em Sono, Fábio Aurélio Costa Leite (Foto: Sagres TV)