Um estudo recente do MapBiomas, divulgado nesta quarta-feira (26), revela que a área coberta por água no Brasil diminuiu 1,5% em 2023, comparado à média histórica desde 1985, com a seca atingindo 61% do Pantanal. Uma redução significativa de sua superfície hídrica em relação à média histórica.

Considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta, o Pantanal enfrenta um aumento alarmante de queimadas em 2024, com 3.262 focos registrados entre 1º de janeiro e 23 de junho. Esse número é 22 vezes maior que o registrado no mesmo período de 2023.

“Em 2024, nós não tivemos o pico de cheia. O ano registra um pico de seca, que deve se estender até setembro. O Pantanal em extrema seca já enfrenta incêndios de difícil controle”, disse Eduardo Rosa, do MapBiomas, a Murilo Pajolla do Brasil de Fato.

Superfície hídrica

A pesquisa indica que a superfície hídrica brasileira teve reduções mensais ao longo de 2023, afetando biomas como a Amazônia e o Pampa. Em 2023, a área coberta por água no Brasil era equivalente a duas vezes o tamanho de Portugal.

Corpos hídricos naturais, como rios e lagos, representavam 77% da superfície hídrica em 2023, enquanto os outros 23% eram compostos por reservatórios artificiais, hidrelétricas, aquicultura e mineração.

Os dados apresentados pelo MapBiomas resultam de uma análise de imagens de satélite com a ajuda de inteligência artificial. Foram processadas mais de 150 mil imagens de satélite.

Amazônia e Pampa

A Amazônia, que perdeu 3,3 milhões de hectares de superfície hídrica em relação à média histórica, foi o segundo bioma mais afetado, totalizando quase 12 milhões de hectares de superfície hídrica em 2023.

O Pampa teve uma redução de 40% na sua superfície hídrica em comparação com a média histórica. O coordenador Técnico do MapBiomas Água, Juliano Schirmbeck, destaca que as mudanças climáticas intensificam o cenário de seca.

“Enquanto o Cerrado e Caatinga estão experimentando aumento na superfície da água devido à criação de hidrelétricas e reservatórios, outros [biomas], como a Amazônia e o Pantanal, enfrentam uma grave redução hídrica, levando a significativos impactos ecológicos, sociais e econômicos. Essas tendências agravadas pelas mudanças climáticas ressaltam a necessidade urgente de estratégias adaptativas de gestão hídrica”, explicou Schirmbeck.

Incêndios no Pantanal

No Pantanal, incêndios devastaram cerca de 600 mil hectares do bioma somente em 2024, levando o governo de Mato Grosso do Sul a decretar situação de emergência. Junho foi um mês crítico para o Pantanal, com a maior quantidade de focos de incêndio desde 1988, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) iniciou o monitoramento das queimadas no Brasil.

A Amazônia, que possui 62% da superfície hídrica do Brasil, também sofreu uma redução significativa, com quase 12 milhões de hectares de superfície hídrica em 2023, 3,3 milhões abaixo da média histórica.

Em contraste, o Cerrado viu um aumento na superfície de água, atingindo 1,6 milhão de hectares, a maior desde 1985. Este aumento é principalmente atribuído à construção de hidrelétricas e reservatórios.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática

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