A Secretaria de Saúde de Goiás espera terminar a vacinação dos idosos com 60 anos ou mais até o final de abril. A previsão é da superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim. Em entrevista à Sagres, Flúvia destacou que o grupo de pessoas com comorbidades deve começar a ser imunizado no início de maio.

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“Se recebermos mais doses nas próximas semanas, vamos conseguir fechar a aplicação das primeiras doses no grupo de 60 anos e mais. Isso vai depender dos laboratórios e das entregas. (…) Não existe uma programação de entregas pelo Ministério da Saúde. É algo muito difícil de se planejar. Ficamos sabendo um dia antes que a remessa será enviada”, pontuou.

Confira a entrevista completa:

O Ministério da Saúde lista as doenças incluídas no grupo de risco para formas graves da Covid-19. Entre elas estão Diabetes Mellitus, pneumopatias crônicas graves, Hipertensão Arterial Resistente, doença real crônica, doença cerebrovascular, pessoas com HIV e outros com imunossuprimidos, Anemia Falciforme, Obesidade, Síndrome de Down e outras. A lista completa pode ser confira aqui.

Só em Goiás, a estimativa é de que 616 mil pessoas façam parte desse grupo. É o maior grupo prioritário do estado. A vacinação será por idade: dos mais velhos para os mais novos até chegar na faixa etária de 18 anos.

A recomendação do Ministério da Saúde é que indivíduos pertencentes a esses grupos estejam em pré-cadastros do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI). Quem não fizer parte deste cadastro, poderá apresentar um laudo ou uma prescrição médica para que tome a vacina.

“Pessoas em tratamento oncológico, por exemplo, precisam de um laudo médico autorizando a tomar. Quem tem essas doenças já podem procurar seus médicos e solicitarem esse laudo e deixar tudo pronto até pra não sobrecarregar o sistema”, explicou.

VACINAÇÃO LENTA

Flúvia explicou que após a aplicação da segunda dose, o andamento da vacinação desacelerou porque quanto menor a faixa etária, maior o grupo populacional, o que demanda mais tempo para a aplicação das vacinas. São mais de 200 mil idosos com idades entre 60 a 65 anos – grupo que está recebendo a primeira dose nos municípios goianos. Além disso, a segunda dose é agendada e é necessário o intervalo entre as aplicações.

“No começo da vacinação, eram todas primeiras doses, então a gente avançava mais. Agora tenho uma que administrar a segunda dose de acordo com o que a gente recebe. A gente tem trabalhado com a garantia dessa segunda dose. Mas não adianta só avançar grupos. O ideal seria avançar grupos e gerenciar segunda dose. Então, eu tenho que priorizar a segunda dose. Nessa última remessa,115 mil foram pra primeira dose e assim conseguimos avançar um pouco mais”, explicou.

PROBLEMAS NO REGISTRO E PROCURA POR 2ª DOSE

Goiás já distribuiu 1,6 milhão de doses de vacina em todo o estado. Mais de 10% da população, segundo a SES-GO recebeu a imunização. O índice está abaixo da média brasileira que é de 12%. Segundo Flúvia, ainda há problemas no registro das aplicações por parte dos municípios. “A gente teve um problema com o sistema do ministério que estava contabilizando mais dose do que tínhamos recebido, mas isso já está sendo revisto. Na segunda-feira da semana passada começamos com 6% e fechamos com 10% da população vacina. Não é que acelerou, mas as cidades fizeram um mutirão para o cadastramento. E isso precisa continuar”, explicou.

Além do problema no cadastramento das pessoas vacinadas, o estado ainda enfrenta a baixa procura pela segunda dose. A última estimativa é de que 44 mil pessoas que já deveriam ter procurado os postos para o reforço na imunização ainda não foram. “Alguns municípios relataram essa situação e a orientação é ir atrás desses idosos. Ligando. Usando a estratégia de Saúde da Família. Sabemos que uma dose só não garante a imunidade”, reforçou.

MATÉRIA- PRIMA

Na última sexta-feira, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado solicitou à secretária-geral adjunta da Organização das Nações Unidas, Amina Mohammed, que a entidade trabalhe ativamente para que o Brasil e demais países sejam autorizados a produzir, mediante o pagamento de royalties, o IFA (ingrediente farmacêutico ativo) das vacinas contra a Covid-19.

Na ocasião, a ONU anunciou que vai antecipar ao Brasil o repasse de quatro milhões de doses. Elas devem chegar ainda em abril. Outras quatro milhões de unidades podem vir em maio.

De acordo com Flúvia, com esse ingrediente sendo produzido em solo brasileiro, a campanha de vacinação pode ser acelerada. “A partir do momento que temos autonomia para fabricar esse insumo, os laboratórios conseguem produzir vacinas na capacidade máxima, sem interrupções e podendo atingir outros grupos de forma mais rápida”, ressaltou.

Goiás não possui laboratórios para a produção de vacinas. A Indústria Química do Estado de Goiás (Iquego), segundo Flúvia, ainda não tem Know How para a produção de imunizantes uma vez que a indústria é destinada a fabricação de medicamentos. “Os laboratórios com capacidade técnica e operacional são o Butantan e a Fiocruz. Goiás poderia fazer no futuro, mas isso exigiria capacitação e estrutura”, ressaltou.

MENOS DOSES?

Durante retomada da aplicação de primeiras doses de vacinas contra Covid-19 em Goiânia, servidores da Saúde notaram novamente frascos de CoronaVac com menos de dez doses, que é o padrão descrito no rótulo. Outros estados também relataram situações similares.

“As equipes são as mesas. As seringas são as mesmas. Aumentaram os relatos desses problemas e é muito pouco provável que seja a seringa ou as equipes, senão isso teria acontecido anteriormente. Já colocamos junto ao Ministério da Saúde e a Anvisa que ficou de fazer uma inspeção pra verificar se houve alteração de doses nos frascos. Não é normal”, complementou Flúvia.